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Opinião|Morre o maestro Colin Davis (1927-2013)

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Atualização:

Morreu no domingo, aos 85 anos, o maestro britânico Colin Davis. As informações divulgadas pela Sinfônica de Londres, orquestra da qual era presidente, dão conta de uma "curta enfermidade", mas a causa da morte ainda não foi divulgada. Davis foi um dos mais prolíficos maestros da segunda metade do século 20 - deixa um legado de mais de trezentas gravações, feitas com os diferentes grupos dos quais foi diretor, como a própria orquestra londrina, a Royal Opera House Covent Garden e a Sinfônica da Rádio da Baviera.

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- Leia o comunicado oficial sobre a morte do maestro- Veja a página especial da Sinfônica de Londres, onde é possível deixar comentários - Veja lista de gravações para o selo LSO Live- Leia o obituário do "Guardian"

Davis nasceu em setembro de 1927 em Weybridge, no sul da Inglaterra. Estudou no Royal College of Music, em Londres. Clarinetista, não tocava piano - e por conta disso, não foi aceito na classe de regência do conservatório. A situação mudou quando, em 1959, substituiu às pressas o maestro Otto Klemperer em um concerto no Royal Festival Hall. Em breve, se tornaria regente principal da Sinfônica da BBC - e, durante os anos 70 e 80, seria o diretor musical do Covent Garden. Some-se a essas atribuições o posto à frente da Sinfônica de Londres e não é exagero afirmar que ele esteve à frente dos mais relevantes conjuntos de seu país.

Naturalmente, a relação com a música britânica foi um dos pilares do seu repertório - em especial no que diz respeito às criações de Michael Tippet e Benjamin Britten (seu primeiro registro da ópera "Peter Grimes" ainda hoje é referência longe de ser superada). Mas Davis foi também especialista em Mozart, do qual deixou gravações importantes das principais óperas; e responsável pela reavaliação da obra de Hector Berlioz. "Sua música só entra na França pela alfândega", ele disse certa vez, ironizando o fato de que o compositor francês dependeu sempre de maestros e músicos estrangeiros para ter o espaço que merecia no repertório.

Davis conheceu a música de Berlioz no verão de 1951, quando ouviu o oratório "A Infância de Cristo" regido pelo também inglês Thomas Beecham, um dos primeiros maestros a programar sistematicamente obras do compositor em seus concertos. Décadas mais tarde, outro grande maestro inglês, John Elliot Gardiner, daria depoimento semelhante, explicando que seu interesse pelo compositor surgiu após ter contato com as gravações de Colin Davis - e elas são muitas, das óperas à música sinfônica.

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Nos últimos anos, Davis vinha lançando CDs importantes pelo selo próprio da Sinfônica de Londres, o LSO Live, responsável por editar registros da orquestra feitos ao vivo. O "Otello" de Verdi; a "Sinfonia Fantástica", "A Danação de Fausto" e "Os Troianos", de Berlioz; "Peter Grimes", de Britten; as sinfonias de Sibelius; o "Fidelio", de Beethoven - são apenas alguns dos testemunhos da maturidade do maestro e de sua regência clara e expressiva.

Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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