A Sinfônica Heliópolis faz amanhã, pela primeira vez, um concerto ao ar livre na comunidade. A apresentação é parte da Jornada de Habitação, que reunirá grupos de diversos projetos socioculturais de Heliópolis, como o Cine Favela, a Companhia de Teatro Heliópolis, o coletivo de Hip Hop Avante o Coletivo e a escola de samba Imperador do Ipiranga. O concerto será em um palco montado no Centro de Convivência de Heliópolis (Estrada das Lágrimas, 2385).Para a organização, o "concerto será um encontro entre o Heliópolis e a Heliópolis, o bairro educador e a orquestra-escola, que leva para o mundo o nome e a energia da comunidade, com a qual busca aprender cada dia mais".
Aproveito a notícia para comentar o concerto que a orquestra fez há pouco mais de um mês na Sala São Paulo, quando subiram ao palco regidos pelo violinista Julian Rachlin. Tocaram Mozart e Mendelssohn. A qualidade do desempenho me impressionou muito, assim como a sinergia entre músicos e maestro. Era música sendo feita ao vivo, com toda a tensão e encantamento que isso carrega. A clareza nas texturas, nas articulações, a atenção às dinâmicas - tudo isso me fez sair da sala com a sensação de que o grupo está de fato pronto para os voos artísticos mais altos que pretende dar este ano, com um repertório mais amplo, que inclui até sua primeira ópera. E isso é um marco importante. É sempre tênue o limite entre resultado artístico e social - corremos sempre o risco de colocar a ênfase em um dos dois lados, perdendo a experiência mais ampla que o diálogo entre as duas propostas pode oferecer. É esse diálogo o que a Sinfônica Heliópolis tem revelado ser fascinante.