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Opinião|Marin Alsop fica ou sai? Indefinições no Festival de Inverno de Campos do Jordão

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A pouco mais de dois meses do início do Festival de Inverno de Campos do Jordão, a Osesp ainda não tem uma definição sobre quem vai dirigir o evento. Na manhã de ontem, o Estado obteve a informação de que Marin Alsop, anunciada como diretora artística, abriu mão do posto, assim como seu regente associado, Celso Antunes, não assumiria mais a direção pedagógica. A informação foi confirmada em nota oficial da Fundação Osesp que, logo em seguida, porém, voltou atrás e afirmou que ainda está sendo negociada a participação de Alsop.

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Segundo a nota da Fundação Osesp, havia de fato uma "primeira ideia" de contar com a participação de Alsop como diretora artística e de Antunes como diretor pedagógico, o que teria sido impossibilitado por problemas de agenda. "Como se sabe, a agenda de artistas de porte internacional como eles é preparada com cerca de dois anos de antecedência, ou até mais; e apesar do empenho de todos, não foi possível abrir suficiente espaço antes e durante as semanas do Festival para que Marin e Celso pudessem assumir os cargos. Não obstante, um e outro contribuíram direta e inestimavelmente na concepção inicial do festival." Em seguida, a assessoria de imprensa da orquestra afirmou que a maestrina ainda tentava remarcar concertos de junho e julho para poder estar em Campos. Na agenda disponível no site da artista, entretanto, não há concertos previstos na segunda metade de junho - e, durante o mês de julho, seus únicos compromissos são com a Osesp, o que reforça a informação, obtida pelo Estado, de que indefinições quanto ao orçamento e diretrizes de trabalho teriam levado Alsop a recusar o posto.

A nota diz ainda que a nomeação de Alsop e Antunes nunca foi oficializada, era apenas um "projeto". No entanto, em entrevista concedida ao Caderno 2 no início de março, Alsop confirmou sua posição à frente do festival e falou de seus planos, afirmando que usaria como modelo o Festival de Tanglewood, nos Estados Unidos, do qual participou o maestro Leonard Bernstein, seu professor. "Será muito excitante poder trabalhar em Campos", disse a maestrina na ocasião. "É um festival que já tem um histórico importante, bem estabelecido, e vai nos permitir lidar com uma questão que é bastante importante para nós na Osesp: criar um ambiente apropriado para que jovens possam aprender, instrumentistas, compositores, maestros, ao lado de gente do mundo todo. E isso está ligado aos objetivos iniciais do festival, desde que ele foi criado."

A gestão do Festival de Inverno de Campos do Jordão havia sido entregue à Santa Marcelina Cultura em 2009. No ano passado, no entanto, desentendimentos entre a organização social e a Secretaria de Estado da Cultura levaram à não renovação do contrato - e, em fevereiro, a secretaria anunciou a Fundação Osesp como nova responsável pelo evento. Na ocasião, Ana Flávia Souza Leite, coordenadora da Unidade de Formação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, explicou a decisão como uma maneira de estabelecer maior integração dentro do Sistema Paulista de Música, do qual fazem parte a Osesp, o Projeto Guri, a Escola de Música do Estado de São Paulo e o Festival de Campos do Jordão. "A retomada da Osesp como gestora do festival vai promover maior intercâmbio cultural entre os alunos de música e convidados internacionais, dado o prestígio da orquestra", disse.

Na entrevista dada por Alsop, publicada no "Caderno 2" do dia 8 de março, ela falou também da importância de ter a Osesp mais próxima do festival, como grupo residente - posto que ocupou em edições passadas, mas deixou de ocupar em 2011, após desentendimentos entre a direção artística da orquestra e da Santa Marcelina. No entanto, informações preliminares dão conta de que na edição de 2012 a Osesp fará apenas um concerto em Campos. Segundo a Fundação Osesp, "o programa do Festival será anunciado oportunamente".

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Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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