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Opinião|José Luiz Herência deixa a direção geral do Teatro Municipal de São Paulo

Em carta de exoneração, enviada à Secretaria Municipal de Cultura, ele fala em divergências pessoais e interferências externas à instituição

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Foto do author João Luiz Sampaio
Atualização:

José Luiz Herencia não é mais diretor geral da Fundação Theatro Municipal de São Paulo. Ele encaminhou hoje à Secretaria Municipal de Cultura seu pedido de exoneração, no qual diz que a decisão é irrevogável e faz alusões a "divergências pessoais", "interferências externas à instituição" e ao "embate entre visões distintas" a respeito da gestão do teatro e do "papel que ele deve exercer no panorama artístico brasileiro".

 Foto: Estadão

 

 

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"A Fundação Theatro Municipal é um enorme complexo de formação e atuação artística, de destacada importância para a arte e a cultura no país. Divergências pessoais, interferências exteriores à instituição ou mesmo o embate entre visões distintas a respeito de sua gestão e do papel que deve exercer no panorama artístico brasileiro não podem comprometer as atividades do Municipal", diz a carta. "Centenas de vidas dedicaram-se e ainda dedicam-se, algumas há décadas, ao esforço de tornar o Theatro Municipal altamente relevante no país e no exterior. Não fomos nós que iniciamos essa jornada. Consolidá-la ainda é uma tarefa para o presente e para o futuro. Um teatro aberto para a vida cultural de São Paulo, vivo e atuante, capaz de romper as fronteiras entre a cidade real em que vivemos e a metrópole cosmopolita em que sonhamos viver, comprometido com o fortalecimento da arte e dos artistas brasileiros, reconhecendo e apoiando sua profissionalização, de modo que eles possam - cada vez mais - brilhar nos palcos de São Paulo, do Brasil e do mundo", conclui.

Em conversa por telefone com o Estado, Herencia não quis dar detalhes a respeito das divergências a que se refere em seu pedido de exoneração, reforçando apenas que a prefeitura sempre apoiou o Municipal, "garantindo a regularização dos contratos com os corpos estáveis, que era uma demanda histórica, e promovendo espetáculos de excelência". "Divergências pessoais entre a direção não podem comprometer esses avanços."

Segundo o secretário Nabil Bonduki, a decisão surpreendeu a secretaria. "Lamentamos muito a decisão dele. Nossa avaliação é de que vinha sendo realizado um bom trabalho. No seu pedido de exoneração, ele fala em divergências, mas posso garantir que não foi conosco", disse, em entrevista ao Estado. "O teatro é uma instituição complexa, com muitos atores, o que gera desgaste, claro". Segundo o secretário, ainda não há um substituto. "Vamos estudar algumas possibilidades."

Herencia assumiu a fundação em 2013, ao lado do maestro John Neschling, que ocupou o posto de diretor artístico do IBGC (Instituto Brasileiro de Gestão Cultural), organização social responsável pela gestão do Theatro Municipal. Há cerca de dois meses, por conta da crise econômica e da dificuldade na captação de patrocínios, a fundação anunciou o cancelamento de espetáculos programados para este ano e para 2016.

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Atualizado às 17h49, para incluir aspas do secretário municipal de Cultura, Nabil Bonduki

Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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