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Opinião|Fundação OSB propõe fusão de orquestras

Foto do author João Luiz Sampaio
Atualização:

A Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) apresentou hoje à OSB Ópera & Repertório uma proposta de acordo que colocaria fim às negociações a respeito do futuro do grupo, que foi criado em 2011 para abrigar os 40 músicos que, na ocasião, recusaram-se a fazer provas de reavaliação determinadas pela direção da orquestra. Segundo comunicado oficial, a fundação propõs a junção das duas orquestras - dando liberdade aos músicos da Ópera & Repertório para que não se apresentem sob regência do maestro Roberto Minczuk, titular da OSB. Estava prevista para a tarde de hoje reunião dos músicos que vai definir se eles aceitam ou não a proposta feita pelo conselho da Fundação OSB.

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Diz o comunicado: "A Fundação OSB decide pela fusão integral entre os dois corpos artísticos, OSB e O&R, formando novamente uma grande orquestra. Os músicos provenientes da O&R ficarão sob o mesmo regime trabalhista dos músicos que hoje compõem a OSB: terão isonomia salarial, gratificações e mesma carga horária."

A fusão havia sido o objetivo da Fundação OSB desde o início, em especial pela tentativa de diminuir custos, maiores com a manutenção de duas orquestras independentes, com programações distintas. O entrave, até agora, vinha sendo a resistência dos músicos da Ópera & Repertório em voltar a se apresentar sob a regência do maestro Roberto Minczuk, titular da OSB.  Sobre isso, diz o comunicado: "Os músicos que mantiverem a decisão de não tocar sob a batuta do maestro titular comporão a orquestra quando ela for regida por maestro convidado ou em concertos de formação camerística. Todos os músicos terão a mesma carga horária ao longo do ano. A Fundação OSB deixa claro o seu desejo de unificar os dois corpos artísticos como medida importante para o crescimento, a qualidade musical da Orquestra e o equilíbrio financeiro da instituição."

Relembre o caso

No início de 2011, a Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira convocou os músicos do grupo para uma prova de reavaliação de desempenho. Cerca de 40 artistas se negaram a fazer o teste, afirmando que ele tinha um caráter autoritário e que seria apenas um recurso para culpar os artistas por uma demissão em massa no grupo. Eles tentaram reverter na justiça a obrigatoriedade das provas. Não conseguiram, mas se recusaram a comparecer de qualquer forma - e a fundação, então, resolveu demiti-los por justa causa.

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A direção da orquestra refutou, na época, a versão dos músicos. Segundo a fundação, as provas não tinham como objetivo demissões. Além de fornecer um feedback individual, o processo também ofereceria a cada músico, garantiram, a possibilidade de reposicionamento dentro dos naipes. A fundação ressaltou ainda que tentou diversas vezes negociar, sem sucesso, com os músicos, oferecendo inclusive um plano de demissões voluntárias. O caso teve repercussão internacional - solistas como Joshua Bell, violinista norte-americano, cancelaram suas apresentações com a sinfônica em apoio aos músicos, assim como representantes de diversos conjuntos europeus emitiram comunicados questionando a decisão de reavaliar os artistas O caso acabou resolvido com a formação de uma nova sinfônica, a OSB Ópera & Repertório, que abrigou os músicos que seriam demitidos durante duas temporadas.

Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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