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Música clássica... E um pouco de tudo

Opinião|Festival de Inverno de Campos do Jordão anuncia programação para julho e para o verão

Todos os concertos serão transmitidos on-line. Maior parte das apresentações acontece em Campos do Jordão, com público reduzido. Aulas serão na Sala São Paulo.

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Foto do author João Luiz Sampaio
Atualização:

A 51ª edição do Festival de Inverno de Campos do Jordão será realizada entre os dias 3 de julho e 1º de agosto. Serão 43 concertos (39 deles no Auditório Claudio Santoro), todos com transmissão on-line e presença de público de acordo com as regras sanitárias colocadas pelo governo do estado e pela prefeitura da cidade.

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A Secretaria de Estado de Cultura anunciou ainda a realização, entre os dias 15 de janeiro e 13 de fevereiro de 2022, de uma edição do evento também no verão. "O objetivo é ampliar o alcance do evento e seu impacto positivo no turismo, na geração de empregos e de renda na cidade", explicou o secretário Sérgio Sá Leitão.

O festival deixou de acontecer em julho do ano passado, sendo remarcado para janeiro deste ano. Acabou, no entanto, adiado mais uma vez por conta dos números da pandemia, recorrendo à apresentação de alguns concertos antigos pela TV Cultura e pelas redes sociais do festival. Não foram realizadas ações pedagógicas.

Auditório Claudio Santoro [Foto Secretaria de Estado da Cultura] Foto: Estadão

 

O orçamento do festival é de R$ 4,5 milhões - valor que inclui apenas a edição de inverno. Todos os ingressos para público presencial (269 lugares por concerto) serão gratuitos e podem ser adquiridos pelo site do evento.

A programação de concertos, ao contrário do que vinha acontecendo, será realizada em sua maioria em Campos, com apenas os concertos da Orquestra Jazz Sinfônica marcados para a Sala São Paulo. Por conta da pandemia, não haverá concertos ao ar livre na Praça do Capivari, para evitar aglomerações. Algumas apresentações serão realizadas no Espaço Dr. Além e no Hotel Toriba, parceiro do festival. A agenda terá celebração dos 250 anos de Beethoven, e vai homenagear Astor Piazzolla, pelo seu centenário de nascimento. Haverá também uma seleção de obras de compositoras, que serão tocadas nos concertos de câmara com alunos e professores.

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A área pedagógica vai contar com 135 alunos, que terão aulas virtuais e presenciais na Sala São Paulo com 33 professores. Também serão realizadas vinte master classes on-line com artistas internacionais, de orquestras como as filarmônicas de Viena, Berlim, Nova York e Los Angeles e da Orquestra Nacional da França. As aulas serão transmitidas abertamente pelo YouTube. Entre os alunos, serão formadas duas orquestras acadêmicas, com cerca de sessenta alunos cada - elas serão regidas por Claudio Cruz, nas duas primeiras semanas, e Giancarlo Guerrero, nas duas últimas.

"Há um enorme desafio por conta da preocupação sanitária", diz Fabio Zanon, diretor artístico e pedagógico do festival. "Não há como ter 130 estudantes em um alojamento, seria uma aglomeração indevida. Os alunos também serão divididos em dois grupos, que não vão se encontrar ao longo do período letivo. Todos os estudantes serão testados. Nas duas primeiras semanas, o grupo A terá aulas individuais pela manhã, na Sala São Paulo, com placas acrílicas entre eles e os professores. Ao final da manhã, eles voltam para casa. E o grupo B vai à sala para os ensaios de orquestra e de câmara. Nas duas últimas semanas, a ordem se inverte. As aulas na Sala São Paulo terão transmissões ao vivo em circuito fechado, para quem estiver em casa assistir às aulas dos colegas."

Para Zanon, "o festival é a última camada de um processo de formação que começa na infância". "Ele oferece um último polimento, abre certas janelas para o estudante, um olhar para si, para os colegas e para o caminho profissional, o que não significa apenas tocar bem, mas entender sua inserção dentro de sua sociedade, que vai absorvendo a música como patrimônio cultural, mas como ferramenta de transformação social", diz.

Segundo ele, o período é complicado para que ações nesse sentido sejam realizadas. "É fundamental lembrar que não há fundamento na ideia da música clássica como elitista. Mais da metade de nossos alunos vem de projetos sociais, trazem suas experiências próprias e ideias. E estamos amadurecendo a criação de um núcleo de ensino de novas lideranças para a música clássica, pensando a inserção. Vamos fazer isso quando tivermos maior possibilidade de circulação de estudantes", explica.

Ele lembra que o festival, antes da pandemia, vinha realizando ações com a comunidade de Campos do Jordão e que, neste ano, priorizou o convite a artistas que não pertencem a instituições, ou seja, não têm salários fixos e garantidos. O festival também criou, antes da pandemia, programa para que um maior número de alunos pudesse participar.

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Programação

A abertura do evento, no dia 3 de julho, será com a Osesp tocando a Sinfonia nº 2 de Rachmaninov, sob regência de Thierry Fischer. Claudio Cruz rege a Orquestra Jovem de Estado (Pastoral de Beethoven) e a Orquestra do Festival (Sinfonia nº 1 de Tchaikovsky). Giancarlo Guerrero rege, com os alunos, a Sinfonia nº 1 de Beethoven; e a Osesp, no encerramento, a Sinfonia Buenos Aires, de Piazzolla. A Osesp participa também com seu grupo de cordas tocando Vivaldi e Piazzolla com Emmnuele Baldini. Ira Levin rege a Orquestra do Theatro São Pedro. Os São Paulo Chamber Soloists tocam obra de Clarice Assad. Serão também concertos de câmara com alunos e professores - todos eles, com pelo menos uma obra de compositora. Na música de câmara, haverá recitais dos pianistas Hercules Gomes e Lucas Thomazinho; do duo formado pelo clarinetista Tiago Sandoval e a pianista Rosana Diniz; do Duo Siqueira Lima; do Quarteto Camargo Guarnieri; do Quarteto Osesp; do Brassuca; do Trombonismo.

Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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