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Opinião|Em vídeo, Doria afirma que não haverá cortes na cultura

O governador não informou, no entanto, se o contingenciamento de R$ 148 milhões será revogado e quando isso deve acontecer; projetos culturais se reúnem hoje no final da tarde com o vice-governador Rodrigo Garcia e o secretário Sérgio Sá Leitão

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Foto do author João Luiz Sampaio
Atualização:

O governador João Doria divulgou hoje vídeo em suas redes sociais no qual afirma que não haverá cortes na cultura. "Não é verdade que vamos cortar serviços e programas e fechar espaços. Nada será fechado. Nada será interrompido." Segundo Doria, "toda polêmica ocorreu porque avisamos que precisaremos fazer um contingenciamento no orçamento do governo". "Não divulgamos ainda quais os programas que seriam impactados, porque estamos estudando com calma e planejamento. Mas na cultura nenhum corte será feito". Em nota oficial, o Palácio dos Bandeirantes afirmou que "o contingenciamento de verbas do orçamento estadual não tem impacto imediato nos serviços da Cultura".

O contingenciamento de R$ 148 milhões, cerca de 23% da verba da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, está definido na proposta orçamentária publicada pelo governo no dia 21 de janeiro de 2019. Há cerca de dez dias, o Projeto Guri anunciou demissões de funcionários por conta da medida. Em anúncio na última segunda-feira, Doria suspendeu o corte no projeto, mas afirmou que os demais seriam afetados. Questionada sobre se a declaração do governador significa que o contingenciamento será revogado, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa afirmou em nota apenas que "o governador assegurou que, na Cultura, nenhum corte será feito". No comunicado, o secretário Sérgio Sá Leitão afirma: "Parabéns ao governador e para todos nós que amamos a arte e a cultura e reconhecemos sua importância econômica e social".

 Foto: Estadão

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A Associação Brasileira das Organizações da Cultura fez um levantamento publicado pelo Estado na última quinta-feira no qual estima o impacto da redução de 23% no orçamento de projetos como a Osesp, a Escola de Música do Estado de São Paulo, a Pinacoteca do Estado, o Museu do Futebol, a São Paulo Companhia de Dança, o Museu da Imagem do Som e outras instituições. Entre elas, estão demissões, reduções no horário de funcionamento, encerramento de projetos pedagógicos, demissões de professores e funcionários, cancelamentos de exposições. No caso do Theatro São Pedro, os cortes devem significar o fechamento do espaço. Segundo a Abraosc, somados os cortes em todos esses equipamentos, eles deixarão de atender um número de pessoas 25% menor do que nos anos anteriores.

Representantes da Abraosc devem se reunir no final da tarde desta segunda-feira, dia 8, com o vice-governador Rodrigo Garcia e com o secretário de Cultura e Economia Criativa Sérgio Sá Leitão para discutir os cortes. A associação informou que só vai se pronunciar sobre as declarações do governador após a conversa de hoje. Gestores ouvidos pelo Estado sob condição de anonimato afirmam que esperam a publicação em Diário Oficial da revogação do contingenciamento.

Ao longo dos últimos dias, artistas se mobilizaram contra os cortes. Na quinta-feira, alunos da Emesp e músicos do Theatro São Pedro fizeram passeata da Avenida Paulista até a Assembleia Legislativa; ontem, membros de diferentes instituições seguiram da Avenida Paulista até o Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera. Em concertos na Sala São Paulo, grupos como a Orquestra Jovem do Estado e a Orquestra Jazz Sinfônica fizeram protestos contra a redução orçamentária.

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Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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