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Música clássica... E um pouco de tudo

Opinião|Domingo, barítono

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Foto do author João Luiz Sampaio
Atualização:

Desde os anos 70, o mundo da ópera criou uma rivalidade entre Plácido Domingo e Luciano Pavarotti. Qual o maior tenor do planeta? O primeiro não tinha as notas mais agudas e o carisma da voz do segundo. Mas como resistir à seu poder de interpretação, a seu talento como ator? Tudo bem, a expressividade da voz de Pavarotti muitas vezes compensava a atuação meia boca; e, cá entre nós, e que ninguém nos ouça, Domingo também podia ser bem canastrão em cena vez ou outra. Qual a conclusão? Antes que eu seja acusado de ficar em cima do muro, confesso minha preferência por Domingo. Mas a conclusão a que chego é que eram cantores muito diferentes, compará-los é comparar dois estilos de voz. Pavarotti era uma voz espontânea, generosa, impressionante; Domingo, um artista mais cerebral, mais atento às sutilezas dos papéis e à busca por uma coerência artística ao longo da carreira, símbolo da escolha certeira de personagens, pautada pela evolução de sua voz. Depois de completar 60 anos, momento em que a maioria dos cantores começa a pendurar as chuteiras, ele continuou adicionando papéis ao seu repertório, estreitando sua relação com Wagner, estreando novas obras, cantando Mahler. Tudo isso vem à mente, enfim, a propósito das notícias recentes de que Domingo resolveu agora atacar de barítono. A voz sempre foi escura, é verdade; e ele começou a carreira nesse registro, trabalhando em seguida seu material a fim de cantar como tenor. Mas não deixa de ser impressionante a vitalidade do artista de buscar um novo campo de atuação. E os primeiros resultados impressionam. No ano que vem, ele canta Simon Boccanegra, de Verdi, no Metropolitan, de Nova York, e no Royal Opera House Covent Garden, de Londres. Há um mês, no entanto, já deu amostras do papel em uma gala realizada em Nova York, ao lado de Angela Georghiu.

Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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