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Opinião|Caso OSB: o que dizem músicos e fundação antes da reunião de hoje

A Fundação OSB e os músicos que se recusaram a fazer as provas de avaliação devem se encontrar daqui a pouco para uma nova reunião, convocada informalmente pelo presidente da instituição, Eleazar de Carvalho Filho. Relata a repórter Roberta Pennafort, aqui no portal do Estadão. "Em tom conciliador e informal, ele se disse angustiado com a crise, que fez com a imagem da OSB fosse 'seriamente alvejada', e afirmou 'ter sido levado' a demiti-los. Não menciona o diretor artístico e regente titular da orquestra, Roberto Minczuk, que foi quem idealizou as provas. 'Não existem vencedores', fala a carta do presidente, que termina convidando o músico para uma 'conversa construtiva' com ele e com o conselheiro David Zylbersztajn - o nome de Minczuk não é citado -, hoje, no fim da tarde", diz a matéria. Como cada lado entra na mesa de debates hoje à tarde? Abaixo, reproduzo o texto na íntegra da carta enviada por Eleazar de Carvalho Filho a um músico; em seguida, nota oficial divulgada pelos músicos.

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Atualização:

Carta enviada por Eleazar de Carvalho Filho a um músico: "Estou lhe escrevendo na esperança de que nunca seja tarde para salvar uma grande instituição. Sei que as últimas semanas têm sido difíceis para todos, mas gostaria que soubesse que tem sido angustiante para mim também. Gostaria que entendesse que meu único objetivo, assim como o dos demais membros do Conselho, é ver o contínuo crescimento e evolução da OSB. Para mim tem sido um privilégio poder fazer parte da história de uma instituição que acompanho desde a minha juventude. Nenhum de nós previu esses acontecimentos. As oportunidades que tivemos de diálogo poderiam ter gerado sugestões construtivas, e uma melhor compreensão dos objetivos e ajustes, se necessário. Independentemente das razões pessoais, um grupo entendeu, participou, e outro não. Além do diálogo, tivemos a oportunidade de buscar caminhos alternativos, que levassem em conta os objetivos da Fundação e dos músicos, mas não evoluímos. A imagem da instituição neste meio tempo foi seriamente alvejada. Aqui não cabe afirmar de quem é a culpa. Fomos levados às posições que adotamos. A Fundação seguiu estritamente a lei e adotou medidas julgadas cabíveis. Mesmo durante as negociações que tivemos, seus representantes sabiam desse risco. Desconsideraram também o consequente aumento na remuneração que está sendo proposto. O fato é que hoje não existem vencedores. Gostaria de pedir sua reflexão: será que vale a pena ter lutado tanto para chegarmos até aqui para vermos tudo ser colocado em risco? Acredito que ainda temos algum interesse comum que pode levar a uma conversa construtiva. Eu gostaria, junto com o conselheiro David Zylbersztajn, de convidá-lo para se reunir conosco nessa sexta-feira, 8 de abril, às 17h30min, na Rua São José, nº 40, 12º andar, sala J, Centro. Se alguma pergunta acima merece uma resposta afirmativa, que tal tentarmos? Continuo comprometido em achar uma solução conciliatória e que permita preservar a OSB."

Nota distribuída pelos músicos no final da manhã de hoje: "Através de um e-mail enviado na noite de quarta feira dia 6 de abril , os músicos da OSB já demitidos por justa causa foram convocados para uma reunião 'conciliatória' com os Conselheiros Eleazar de Carvalho e David Zylberstajn na sexta feira dia 8 de abril. As aspas na frase acima se devem ao fato de que não há proposta clara na convocação; os músicos, porém, em reunião para avaliar o comunicado, entendem que esta pode ser uma oportunidade para novamente encaminhar as propostas apresentadas desde o início do imbroglio. O momento é de expectativa entre os músicos, que desde sempre estiveram abertos ao diálogo, condição imprescindível ao entendimento entre as partes envolvidas na questão. O recuo da FOSB sinalizado pela proposta de encontro é prova de que a mobilização e repercussão do assunto causaram desgaste na imagem da direção da Fundação, requerendo uma revisão no encaminhamento dos critérios impostos desde o início do ano. O cancelamento da partipação na temporada de 2011 de artistas como Nelson Freire, Ana Botafogo, Crisitna Ortiz entre outros causou forte impacto na midia e consequentemente estranheza entre os assinantes. Esperamos que os termos da reunião sejam de fato conciliadores, e atendam de forma digna tanto os interesses da classe musical quanto os da Fundação OSB."

Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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