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Música clássica... E um pouco de tudo

Opinião|A Osesp em 2011

A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo divulgou na tarde de quinta-feira sua temporada 2011. Serão 58 programas, espalhados em cerca de 150 apresentações; o regente-titular Yan Pascal Tortelier comanda sete deles, enquanto os demais concertos ficarão a cargo de 23 maestros convidados. Entre eles, Kristian Jarvi, que causou sensação em sua passagem este ano pela Sala São Paulo; Isaac Karabtchevsky, que começa a gravar com a Osesp as sinfonias de Villa-Lobos; e Rafael Fhrübeck de Burgos, que comanda a abertura da temporada, no dia 17 de março, com a Nona Sinfonia de Beethoven.

Foto do author João Luiz Sampaio
Atualização:

Não há grandes novidades na estrutura da programação, que se articula entre concertos sinfônicos, séries de câmara e recitais. Além do compositor convidado, o inglês Thomas Adès, que vem a São Paulo reger obras suas, surge a figura do "compositor transversal", que terá peças interpretadas ao longo de todo ano - o estoniano Arvo Part foi o escolhido. De brasileiros, estreias de Felipe Lara, Edino Krieger, Kristoff Silva e Edu Lobo. Villa-Lobos aparece com duas sinfonias em concertos fora da temporada de assinaturas. Enquanto a Osesp segue em busca de um novo regente-titular, as atenções obviamente se dirigem à lista de maestros convidados, ainda que comece a se desenhar a tendência de um comando compartilhado por mais de um artista em vez do modelo centralizado da era Neschling - prova disso é que o atual titular estará à frente dos músicos em pouco mais de 10% dos concertos. Se não é novo no cenário internacional, o formato é novidade nas temporadas brasileiras. Especular em cima dos maestros convidados, ainda assim, tem se tornado esporte preferido do público paulistano. Poucos maestros causaram tamanha comoção entre público, críticos e músicos da orquestra quanto o estoniano Kristian Jarvi, que volta este ano - nos bastidores, no entanto, sua candidatura perdeu força por conta do repertório basicamente moderno sugerido por ele para a Osesp. Nesse sentido, Claus Peter Flor, que rege este ano dois concertos (com Verdi e Haydn) seria um caminho viável, já que a diversidade de repertório é uma de suas marcas. Peter Flor é antigo conhecido da orquestra, mas há outros candidatos correndo por fora. O que dizer, por exemplo, de Marin Alsop, que volta em 2011 para dois concertos? Isaac Karabtchevsky também anda com moral - na próxima temporada não apenas inicia um projeto de longo prazo com a Osesp como ficou com a Nona na partilha das sinfonias de Mahler. Há ainda outros reincidentes, como o britânico Richard Armstrong, o finlandês Osmo Vänskä e a mexicana Alondra de la Parra. Isso para não falar de nomes novos, como Vassily Petrenko, uma das sensações do cenário internacional atual. As conjecturas, enfim, são muitas.

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A Osesp mantém o equilíbrio na escolha de peças, com ênfase na segunda metade do século 19 e na primeira metade do século 20. A integral sinfônica de Mahler será completada com as sinfonias n.º 2 (De la Parra), n.º 5 (Alsop), n.º 8 (Gennady Rozhdestvensky) e n.º 9 (Karabtchevsky); a meio-soprano Kristine Jepson canta o ciclo Kindertotenlieder. A única ausência sentida no ciclo mahleriano é a Canção da Terra. Franz Liszt também ganha destaque, no ano de seu bicentenário - concertos para piano, sonatas e a pouca ouvida Missa de Réquiem estão entre as obras escolhidas. Entre os solistas, alguns nomes de peso, como os pianistas Maria João Pires (Beethoven, concerto n.º 2), Yuja Wang (Prokofiev, concerto n.º 3), Stephen Hough (Liszt, Beethoven e Scriabin, com a Osesp e em recital solo) e Angela Hewitt (obras de Mozart e Bach, também com a orquestra e em recital solo); os violinistas Ilya Gringolts (que toca o concerto de Tchaikovski com Fhrübeck de Burgos), Renaud Capuçon (concerto de Korngold) Pinchas Zukerman (que rege concerto dedicado a Beethoven, solando no concerto para violino do compositor); o violoncelista Peter Wispelwey (concerto n.º 2 de Haydn). A soprano americana Christine Brewer encabeça o quarteto solita do Réquiem de Verdi, regido por Peter Flor.

Houve um pequeno aumento no valor das assinaturas, que vão de R$ 249 a R$ 1.160 - em 2010, iam de R$ 116 a R$ 1.026. Há diversas opções de temporadas, com oito ou sete concertos, além das séries de câmara e de recitais, que têm preços específicos. Ingressos avulsos, que vão de R$ 24 a R$ 135, podem ser comprados a partir do dia 14 de fevereiro, sempre a partir de 60 dias antes do concerto. Mais infomações sobre a temporada e o cronograma de renovação e venda de assinaturas podem ser obtidas no site www,osesp.art.br.

Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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