Tem muita coisa boa sendo lançada, em vários gêneros, dentro e fora do Brasil -- duvidar disso é ter uma postura reacionária em mais de um sentido.
(O Pedro Antunes soltou ontem a lista de 25 melhores brasileiro do ano até agora segundo a APCA -- clique aqui para ir até lá).
Então aqui vai uma lista prévia de 2017, em ordem alfabética, entre brasileiros e estrangeiros.
Brockhampton -- Saturation
É a revelação do ano para mim. Um coletivo de rappers do Texas (a formação varia entre 9 e 15 pessoas, pelo que entendi, mas também posso estar errado) fazendo um hip hop diferente de tudo que apareceu nos últimos anos. Zeitgeist puro, produção criativa e sem exageros, letras que variam entre brilhantes e muito boas -- enfim, tudo que se espera de um grupo de jovens artistas talentosos. Uma beleza.
No seu quarto trabalho solo, o baterista e cantor propõe canções que se constroem a partir de fragmentos, cavando buracos na música e levando essa intenção bem longe.
Él Mató a un Policía Motorizado -- La Síntesis O'Konor
O indie argentino brilha em Buenos Aires -- Las Ligas Menores, Bestia Bebé e especialmente Él Mató vem lançando trabalhos muito bons nos últimos anos. Esse é o primeiro disco completo da banda desde 2012, eles seguem numa região parecida (letras lindas sobre relacionamentos em geral fracassados, mas agora um pouco mais concentradas em si mesmo) e expandem a sonoridade indie para um rock ainda mais cristalino.
Joey Bada$$ -- All-Amerikkkan Bada$$
O disco de rap que esperávamos em 2017: o que é ser americano, jovem, negro na América de Donald Trump? Por enquanto, Joey Bada$$ parece ter ido mais longe para tentar responder essa questão.
Kendrick Lamar -- DAMN.
To Pimp a Butterfly foi uma obra-prima de tão alto nível que a expectativa para a álbum seguinte de Kendrick Lamar seria insuportável para qualquer outro artista. Ele entregou um disco mais sombrio, com letras inspiradas, ainda mais consciente do seu próprio lugar -- o maior rapper vivo.
Rock indiscutivelmente brasileiro. Grande disco.
Kodak Black -- Painting Pictures
O disco de estreia do jovem rapper da Flórida (ele tem 20 anos em 2017) é uma reflexão cheia de vigor sobre uma vida curta em constante conflito com o sistema (seja com a escola, seja com a prisão, que ele já visitou por dentro, seja com o próprio hip hop).
Rincon Sapiência -- Galanga Livre
A aguardada estreia em disco do rapper paulistano é a paulada que todos estávamos esperando. Ponta de Lança (Verso Livre) já é um clássico do gênero no Brasil. Rap claro e direto para ser entendido, em plena consciência de 2017. Uma beleza.
No meio do caos, o Brasil precisa do rap: Helião, Sandrão e DJ Cia (com Calado e Nego Jam) preparam uma volta explosiva do mítico grupo. Foram 14 anos sem um disco de inéditas, e Quem Tá No Jogo é um verdadeiro chamamento numa luta contra a violência tão conhecida dos brasileiros.
The Jesus and Mary Chain -- Damage and Joy
Uma das bandas mais importantes do shoegaze britânico do começo dos anos 1990 -- que experimenta como um todo uma espécie de renovação -- lançou seu primeiro disco de inéditas desde 1998. Jim e William Reid ainda querem se matar, mas conseguiram conversar para fazer um novo disco, que soa tão bem quanto sempre -- talvez com um pouco mais de espaço para as músicas respirarem.
Sampha -- Process
2016 foi o ano do "neo-soul" (Frank Ocean, Childish Gambino, Michael Kiwanuka) e um dos primeiros álbuns lançados em 2017 foi justamente Process, do cantor e produtor inglês Sampha, que já havia trabalhado com Kanye West, Solange e Drake, e agora se aventura num belo projeto solo.
Também merecem menções e novas audições atentas: Boogarins, Don L, The Mountain Goats, Kevin Morby, Jay-Z, Mount Eerie, Gorillaz, Your Old Droog e Young Thug. Deixe suas sugestões nos comentários!