Guilherme Sobota
18 de julho de 2017 | 15h42
A historiadora Lilia Moritz Schwarcz participou nesta terça-feira, 18, do Estadão + Literatura, o programa semanal do Caderno 2 sobre livros e mercado editorial. Veja a entrevista a seguir:
Conversamos sobre Lima Barreto: Triste Visionário — biografia de fôlego publicada recentemente pela Companhia das Letras — e sobre sua participação na Flip.
“Não é um acaso que o Lima Barreto vem sendo retomado agora”, diz Lilia no encontro. “Durante anos, a invisibilidade social era tal que, quando eu escrevia alguns livros sobre o racismo, as pessoas me diziam que eu estava inventando esse problema”, contou. “Estamos assassinando uma geração de negros, afrodescendentes, no Brasil.”
“Lima Barreto já fazia questão de trazer esse tema para frente”, comentou, sobre a atualidade dos escritos do autor — sempre muito atento a questões raciais.
Lilia Moritz Schwarcz na ‘TV Estadão’*
Em entrevista publicada no fim de junho pelo Estado, a escritora comentou o projeto literário de Lima Barreto.
“Durante um certo tempo, tratou-se de Lima Barreto sob a perspectiva da vitimização”, disse. “Ele era de fato uma vítima, mas tinha um projeto, e isso é muito importante de a gente destacar. Brinco que era o projeto do contra, ou seja, “vou me inserir sendo do contra”. Ele era contra a Academia Brasileira de Letras, apesar de ter tentado entrar três vezes. Era contra o futebol, numa época em que o esporte já fazia muitas paixões. Era contra um certo feminismo, mas contra o assassinato de mulheres. Contra a literatura de brindes, de sobremesas e de toaletes, e a favor de uma literatura realista. Também foi anarquista num momento que era complicado ser anarquista. Então, ele tinha um projeto? Tinha. Ele era contrário às políticas de exclusivismos da República. Qual era o projeto do Lima Barreto? Era o de contrariar.”
Lilia Moritz Schwarcz. Foto: Amanda Perobelli/Estadão
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