Publicações de alto nível botam para circular ideias e criações originais de nomes como Laerte, Angeli e Silviano Santiago
Por Guilherme Sobota
Atualização:
A chegada às bancas de novas revistas culturais é sempre uma boa notícia, mas quando essas novas publicações são iniciativas inteligentes, ousadas e bonitas, a notícia é ainda melhor. A Baiacu (São Paulo) e a Helena (Curitiba) já estão circulando e certamente valem a empreitada.
A Baiacué um projeto de Angeli e Laerte que teve como base uma residência artística na bela Casa do Sol, morada de Hilda Hilst em Campinas. Dez artistas selecionados pela dupla trabalharam juntos para conceber o livro, que saiu, lindo, pela Todavia. O lançamento é no sábado, 18, no Sesc Ipiranga, com a presença de Laerte e vários dos autores, a partir das 15h.
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São quadrinhos, ilustrações, textos, um zine e um pôster, de gente como Guazelli, Diego Gerlach, Pedro Franz, Fabio Zimbres, André Sant'Anna, Daniel Galera, Rafael Sica, Juliana Russo, Power Paola e Bruna Beber.
No editorial no fim do livro, Laerte explica que a vontade era fazer um fanzine de mimeógrafo ("eu juro pra vocês") e vender em cinemas e bares por R$ 5. A ideia foi ganhando "outros corpos" e virou a Baiacu.
Ao lado do texto da Laerte, uma série de desenhos, uma série, "Angeli Grita". Ele levanta placas. "Tocam as trombetas", "Abaixo as vacas sagradas", "Corações dormem ao relento", "Bob Dylan ainda vive".
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Os desenhos são incríveis, durante todas as 320 páginas do projeto. Os textos também são bons - destaco o Vernissage, de Anna Claudia Magalhães (uma provocação ousada e frontal para basicamente muita gente que vai segurar a revista nas mãos), e a espécie de manifesto neo-futurista de André Sant'Anna, Discursos Sobre a Metástase.
Ali no meio tem uma série inspiradíssima de desenhos do Angeli. Coisa de colocar na parede com orgulho.
O 'Estadão' visitou, em 2017, a Casa do Sol, em Campinas, mítica morada da escritora Hilda Hilst(1930-2004)e onde ela produziu a maior parte da sua ob... Foto: Amanda Perobelli/EstadãoMais
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
Casa do Sol foi construída na metade dos anos 1960; Hilda queria se retirar de São Paulo e estava inspirada pela leitura de obras do gregoNikos Kazant... Foto: Amanda Perobelli/EstadãoMais
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
A figueira foi o que motivou Hilda a escolher a área, um lote da fazenda que pertencia à sua mãe, para construir sua morada. A árvore centenária era a... Foto: Amanda Perobelli/EstadãoMais
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
Quadros da artista plástica Olga Bilenkydecoram a sala da Casa do Sol Foto: Amanda Perobelli/Estadão
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
A artista plástica Olga Bilenky mudou-separa a casa nos anos 1970;elafoi amiga de Hilda Hilst durante boa parte da vida da poeta Foto: Amanda Perobelli/Estadão
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
Detalhe da Casa do Sol. Muitas fotos e documentos pessoais de Hilda Hilst permanecem no acervo do local. Foto: Amanda Perobelli/Estadão
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
Com agendamentos prévios, é possível visitar a Casa do Sol e conhecer histórias do local. As visitas são guiadas por Olga. Basta entrar em contato, vi... Foto: Amanda Perobelli/EstadãoMais
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
A mesa em que Hilda Hilst escreveu a maior parte da sua obra, na Casa do Sol. Foto: Amanda Perobelli/Estadão
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
Hilda costumava montar pequenos altares por toda a Casa do Sol. Este, situado na mesa onde ela trabalhava, foi montado pela própria e se mantém intoca... Foto: Amanda Perobelli/EstadãoMais
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
Hilda nunca usou computadores - esta é a máquina que ela utilizava para escrever. Foto: Amanda Perobelli/Estadão
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
Quarto onde a poeta dormia foi transformado na sua biblioteca, que foi catalogada e teve um trabalho de preservação com apoio do Itaú Cultural. Foto: Amanda Perobelli/Estadão
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
Os livros da poeta - cerca de 3 mil - são um material riquíssimo para pesquisadores, porque ela anotava e usava as margens com proficiência. Veja a se... Foto: Amanda Perobelli/EstadãoMais
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
Desenhos de Hilda Hilst no livro 'Cinq Psychanalyses', de Sigmund Freud Foto: Amanda Perobelli/Estadão
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
Desenho no livro 'O Amante de Lady Chatterley', de D.H. Lawrence Foto: Amanda Perobelli/Estadão
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
Desenho de no livro 'A Análise da Mente', de Bertrand Russell Foto: Amanda Perobelli/Estadão
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
Desenho deHildaHilst no livro 'A velhice, a realidade incômoda', de Simone de Beauvoir. Um autorretrato surrealista? Foto: Amanda Perobelli/Estadão
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
Anotação deHildaHilst no livro 'Poesia Completa Poesia Traduzida', de Mario Faustino Foto: Amanda Perobelli/Estadão
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
Anotações no livro 'Laços de Família', de Clarice Lispector Foto: Amanda Perobelli/Estadão
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
Este livro ('Rubaiyat') foi um presente da mãe de Hilda para a escritora;a dedicatória à direita. O desenho de Hilda, à esquerda, foi deixado dentro d... Foto: Amanda Perobelli/EstadãoMais
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
As gravações que fizeram parte da célebre pesquisa transcendental de Hilda também estão todas no acervo da Casa do Sol. Elas foram catalogadas pela di... Foto: Amanda Perobelli/EstadãoMais
Casa do Sol: A mítica morada de Hilda Hilst
Hilda Hilst morreu em 4 de fevereiro de 2004, aos 73 anos. Alguns textos de sua autoria ganharam tradução para outros idiomas, como francês, inglês, i... Foto: Amanda Perobelli/EstadãoMais
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A Helena, na verdade, não é nova (esse é o número 6), mas ela volta agora reformulada e com a proposta de mais conteúdo de âmbito nacional, segundo a própria Biblioteca Pública do Paraná, que edita a publicação.
São ensaios, reportagens, crônicas, textos de ficção e poemas, fotos e ilustrações, também num formato livro, agora quadrado. Maria Amélia Mello, atualmente na Autêntica mas por 30 anos editora da José Olympio, repassa sua trajetória no mercado editorial. O sempre brilhante Silviano Santiago escreve sobre Guimarães Rosa e Pasolini, e Marcelo Mirisola discorre sobre boa literatura numa crônica em que fala de um enquadro de Sabato em Borges.
Outros nomes que escrevem ou aparecem na revista: José Carlos Fernandes, Felipe Hirsch, Alexandre Matias, DW Ribastki, Luís Augusto Fischer, João Varella e Anna Muylaert.
A tiragem física é de mil cópias e tem distribuição gratuita na Biblioteca Pública do Paraná e nas bibliotecas e escolas de ensino médio do Paraná, além de pontos de cultura de Curitiba.