Guilherme Sobota
28 de julho de 2018 | 16h02
PARATY – A Casa do Sol adquiriu status de morada mística desde que Hilda Hilst se mudou para lá na segunda metade da década de 1960. Hoje sede do Instituto Hilda Hilst, a casa na região de Campinas guarda um tesouro de cerca de 300 mil anotações ou intervenções gráficas da escritora nos livros de sua biblioteca.
O número foi estimado neste sábado, 28, durante a 16.ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty, por Daniel Fuentes, herdeiro da obra e presidente do Instituto. Ele dividiu uma mesa com o arquiteto Mauro Munhoz, presidente da Fundação Casa Azul, organizadora da Flip. A ideia era ventilar ideias sobre o futuro da Casa do Sol.
Casa do Sol, na região de Campinas. Preservação do acervo tem apoio do Itaúl Cultural. Foto: Amanda Perobelli/Estadão
“A biblioteca é a pérola do acervo do instituto. São uns 4 mil livros, poucas raridades, mas é a biblioteca da Hilda. É muito valioso porque ela deixou pistas para o processo criativo dela. Essas pistas estão por tudo, diários, anotações, nas margens dos livros. Descobrimos mais de 300 mil anotações. Quando me perguntam se existem inéditos da Hilda, é isso”, explicou Fuentes.
Para Munhoz, é interessante pensar a maneira com que Hilda foi habitando esse território. “As coisas que ela habitou estão lá, mas agora vocês (leitores) vão habitar. Como continuar esse ciclo? Precisamos criar um dispositivo de leitura de como será o habitante dessa casa nas novas fases que estão por vir”, comentou.
A artista plástica Olga Bilenky, viúva de Mora Fuentes e amiga de Hilda, vive hoje na Casa, mas acredita que existe ali um potencial “não totalmente aproveitado”.
“Gostaria que fosse pensada uma ação pelos próximos 50 anos”, comentou a artista. “Queremos pessoas ligadas à produção. Residência artística é uma das coisas que mantém o clima original da casa. Ainda é um espaço parcialmente desaproveitado”, observou.
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