Na ano passado, a Ladbrokes, casa de apostas inglesa, cravou. Svetlana Alexiévitch era a primeira da lista no dia anterior ao anúncio, por que, ninguém sabe: escritora de não-ficção, história oral, jornalismo literário... não é bem o perfil do Nobel. Mas também não é do perfil da Academia vazar informações. Vai saber.
Antes das apostas, vamos lembrar dos últimos vencedores:
Svetlana (2015).
Patrick Modiano (romancista francês que trata das memórias doloridas de seu país em relação à Ocupação alemã durante a Segunda Guerra, 2014).
Alice Munro (contista canadense que construiu uma obra sólida, arquitetando com maestria epifanias sobre família e amor a partir de fatos corriqueiros, 2013).
Mo Yan (romancista chinês que mistura uma espécie particular de realismo com seu folclore local, que de fato sofreu com a política do seu país, mas foi criticado por pares por não ser solidário o suficiente, 2012).
Tomas Tranströmer (poeta sueco, que acabou não sendo publicado no Brasil, 2011).
Mario Vargas Llosa (Mario Vargas Llosa, 2010). E antes dele, Herta Müller, romena-alemã, que também escreve sobre os horrores dos regimes comunistas no leste europeu.
A partir disso dá para se definir algumas diretrizes (no puro chute, afinal as coisas não são assim). Mas, na cara e na coragem: Não será um francófono. Não será alguém que escreva sobre as feridas dos regimes de esquerda. Não será Haruki Murakami.
Abaixo alguns palpites (e entre parênteses as probabilidades na Ladbrokes):
1) Ngugi Wa Thiong'o (10/1)
Um escritor africano negro não leva o Nobel desde 1986, quando o nigeriano Wole Soyinka foi agraciado. Ngugi teve que viver no exílio de seu país natal, o Quênia, por lutar por direitos civis, e isso sempre conta pontos.
2) Philip Roth (7/1)
A última norte-americana a levar o Nobel foi Toni Morrison, em 1993, e Philip Roth é um dos escritores mais brilhantes do mundo. Mas o palpite está aqui mais por torcida do que por outra coisa. Segundo Alex Shepard, nesse hilário artigo na New Republic, a Academia não vai premiar um americano no Ano de Trump.
3) Jon Fosse (20/1)
É pouco provável que outro escandinavo seja escolhido, apenas cinco anos depois de Transtromer. E Fosse, poeta, ficcionista e dramaturgo norueguês, tem apenas 56 anos. Então é provável que ele fique mais para frente, mas vai saber.
4) Juan Marsé (33/1)
O romancista espanhol publicou um novo livro em 2016, aos 83 anos: sua ficção, que lhe rendeu o Prêmio Cervantes em 2008, trata dos efeitos das guerras e do franquismo especialmente na região de Barcelona. Um tema caro ao Nobel, sem dúvida.
5) Antonio Lobo Antunes (20/1)
Será Lobo Antunes o segundo lusófono a levar o Nobel? Na lista da Ladbrokes, ele é o primeiro dos "desconhecidos".
6) Abraham B. Yehoshua (25/1)
Israel tem um Prêmio em 1966 e depois nunca mais: Yehoshua é considerado por muitos o maior escritor de seu país, mas talvez um par de declarações polêmicas sobre a relação judeus-Israel "impeçam" a Academia de premiá-lo...
7) Marilynne Robinson (50/1)
Já que a ideia é não premiar um americano no Ano de Trump... que tal dar o Nobel para uma escritora norte-americana que está na lista da Time deste ano como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo?
O anúncio sai dia 13. Qual é o seu palpite?