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42.ª Mostra de Cinema de São Paulo: '303'

Como todo bom road movie, o filme traz a ruptura da rotina dos dois personagens acompanhada de notícias mais ou menos traumáticas, que os lança em direção ao desconhecido

Por Guilherme Sobota
Atualização:

Em 303, filme do austríaco Hans Weingartner, Jule (Mala Emde), uma estudante de biologia de 24 anos, se descobre grávida de um namorado que vive em Portugal, e decide viajar de Berlim até o Alentejo num motorhome da Mercedes, cujo número do modelo dá nome ao filme. No caminho, conhece Jan (Anton Spieker), também estudante de ciências sociais, indo de carona para a Espanha para conhecer seu pai biológico. Embora a gravidez seja mantida em segredo, ele sabe que ela está comprometida: uma atração entre os dois, porém, se faz inevitável.

O filme será exibido na 42.ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo a partir do dia 25.

Cena de '303'. Foto: kahuuna films Gmbh

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Depois de um início meio tortuoso (no qual o suicídio é o primeiro dos grandes temas éticos discutidos pelo casal ao longo do filme), eles seguem pela viagem de cenários paradisíacos -- o filme tem dois fotógrafos, Mario Krause e Sebastian Lempe, e o trabalho deles é facilitado pelas paisagens (uma tomada da Ribeira, no Porto, é de tirar o fôlego). As imagens têm um pouco dos tons pasteis de Boyhood.

As discussões começam a mover o filme, e os dois personagens acabam resumidos em posições estereotipadas que raramente se aprofundam além do debate (ali muito civilizado, elemento raro no Brasil 2018) liberal (ele) x progressista (ela). Apesar de eles constantemente conversarem como se suas próprias vidas dependessem da discussão, há, para os dois, sabemos, problemas mais urgentes.

Os dilemas éticos variam entre "competição e cooperação" (sobre o futuro da humanidade), a monogamia em relacionamentos, ou sobre impulsos sexuais da raça humana e por aí vai. A fricção constante entre Jule e Jan (pois é) acaba criando um laço, colocado a teste o tempo todo, e à medida que o filme avança os dilemas se esfumaçam -- dando lugar ao que realmente importa? Talvez.

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Como todo bom road movie, o filme traz a ruptura da rotina dos dois personagens acompanhada de notícias mais ou menos traumáticas, que os lança em direção ao desconhecido. A fórmula é clássica (talvez a grande referência aqui seja Harry e Sally -- Feitos Um Para o Outro, de Rob Reiner e do roteiro indicado ao Oscar de Nora Ephron em 1990).

A beleza de tudo -- dos atores, dos cenários, do carro -- faz a viagem, mesmo que ao cinema mais próximo, valer a pena.

Cotação: 3/5

Exibições na Mostra:

Dia 25/10 18:20 - ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - AUGUSTA SALA 1 Dia 26/10 20:45 - ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - AUGUSTA ANEXO 4 Dia 27/10 17:30 - CINE CAIXA BELAS ARTES SL 1 VILLA LOBOS Dia 29/10 14:00 - ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA 2

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