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McConaughey ficou obcecado por True Detective (+ faça os bonecos de lata de cerveja)

Por Clarice Cardoso
Atualização:

Clarice Cardoso

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É evidente o esforço de Matthew McConaughey para entregar um pouco a mais em sua interpretação de Rust Cohle, seu personagem em True Detective, minissérie que está sendo exibida pela HBO e que se despedirá em breve. Todo o programa se passa num período de tempo de 17 anos e, ao viver um único homem, Matthew apresenta com profundidade mais de um personagem ao mesmo tempo. (Escrevi para o Caderno 2, antes do Oscar, sobre como o prêmio por Clube de Compras Dallas reconheceria também os riscos que ele assumia como ator na minissérie. Leia este texto aqui.)

O que a obsessão tem a ver com isso? Bem, para atingir tamanha profundidade psicológica na tela, Matthew se enfiou de cabeça (com o perdão do trocadilho) na história de Cohle e acabou escrevendo 450 páginas apenas sobre ele. Você leu certo: 450 páginas. Só sobre quem é Cohle.

Em entrevista à Rolling Stone, ele disse que detectou quatro fases no personagem."Em 1995, ele está tentando entrar na linha, é quase um monge, e isso é mais fácil se ele se isolar dos outros. Ele demonstra um lado mecânico, agarra-se aos casos porque lhe dão estrutura e porque são as únicas coisas que o impedem de se matar", disse à publicação. Quando volta brevemente aos seus dias como Crash, o policial infiltrado no mundo do narcotráfico, está em seu momento mais livre. "Ele pode ir até o seu limite, é quando mais ama a vida. Sabe que pode morrer mais cedo assim, mas encontra paz nesse conhecimento", prosseguiu.

Em 2002, ele já é uma mistura dos dois, explica McConaughey. "Ele ainda tem alguma esperança de que escapará da dor, então tenta ter uma vida normal, uma namorada. O que só serve para provar que ele não foi feito para isso, não há escapatória. O que ele faz? Aceita sua natureza mais uma vez."

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O Cohle que vemos em 2012, que apresenta seus poderosos monólogos para a câmera, é mais cínico e raivoso do que qualquer um deles nas palavras do próprio ator. "Ele viveu mais do que queria, tornou-se vítima de suas crenças. Ele se rendeu à sentença de estar vivo, mas tem desprezo por essa pena. Mas não vai enlouquecer, não vai se matar. Ele luta contra o demônio todos os dias", arremata McConaughey.

Mais do que as cenas de ação e as reviravoltas que começam a partir do quarto episódio, são os monólogos desse Cohle mais desesperançoso que me mantém colada à tela. Pura questão de gosto pessoal: acho a profundidade emocional do detetive mais instigante do que qualquer desenrolar sobre seitas que a série possa entregar agora.

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Quem assiste à série também não está livre de se tornar obsessivo, como o binge-watching mais do que prova. Para além disso, o criador da série, Nic Pizzolatto fez uma análise psicológica de seus fãs numa entrevista recente para o Buzzfeed com a qual muita gente que eu conheço certamente vai se identificar. "Acho que há muita projeção do público em alguns casos, como se o programa tivesse se tornado uma espécie de teste de Rorschach para uma parcela da audiência que vê ali suas próprias obsessões. Isso significa que criamos identificação com o público, então não me incomoda. O perigo é que isso pode fazer com que se tenha uma leitura míope e reducionista do que estamos fazendo."

Entrando no delicioso mundo das especulações sobre o final da série (todos que a acompanham têm ao menos uma tese -- eu, assumo, tenho ao menos três... hehe),Pizzolato falou alinda da teoria mais famosa: a de que Cohle ou Hart são na verdade o assassino. "Queria que a audiência desconfiasse disso conforme nos aproximássemos do episódio final, mas também dei uma face concreta ao vilão que eles estão perseguindo. Mostramos o rosto do assassino no primeiro episódio. (...) Há fragmentos o suficiente no sétimo capítulo para que, como no iceberg de Hemingway, o que está oculto possa ser discernível pelo que está visível. Teremos mais contexto para explorar o assassino, mas a questão verdadeira é se Cohle e Hart vão ser bem-sucedidos, o que vão descobrir e se vão sobreviver a tudo isso", disse por e-mail ao site.

 Foto: Estadão

Para terminar, e ainda falando em obsessões: sabe aqueles bonecos que Cohle faz durante a série com latas de cerveja? A Esquire criou um passo-a-passo para você criá-los em casa e ter "companhia para assistir à final" (maldosos!). O link está aqui.

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