Flavia Guerra
02 de janeiro de 2012 | 15h31
No rigoroso e húmido inverno vietnamita, o pescador, na terceira margem do Rio Nam Hung, resiste.
“Sofri o grave frio dos medos, adoeci. Sei que ninguém soube mais dele. Sou homem, depois desse falimento? Sou o que não foi, o que vai ficar calado. Sei que agora é tarde, e temo abreviar com a vida, nos rasos do mundo. Mas, então, ao menos, que, no artigo da morte, peguem em mim, e me depositem também numa canoinha de nada, nessa água que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro — o rio.” Guimarães Rosa
(Texto extraído do livro “Primeiras Estórias”, Editora Nova Fronteira – Rio de Janeiro, 1988, pág. 32)
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