Flavia Guerra
27 de dezembro de 2011 | 14h46
Hanoi – Vietnã
Então, depois de meses de ausência do front, recomeço, sem muita explicação, mas com grande satisfação, este blog que vos fala desta vez do Vietnam.
O mote, o olhar periférico, que a tudo observad do centro da periferia para as periferias centrais de tudo, continua o mesmo. Mas o ponto de partida desta vez é a capital do Vietnã.
Antes que se perguntem, estou aqui para passar férias. E tirando férias das férias, estou também para rodar um curta-metragem. The Truck of My Father. O caminhão do meu pai, que, a meu ver, deveria se chamar It’s a dog’s life. É uma vida de cão a que os cães vietnamitas têm. Ainda que os ocidentais matem tantos outros animais para comer, é inegável que aceitar o fato de que alguns orientais matem cães para fazer não sabão, mas sopão, é difícilimo.
O filme não fala exatamente disso. Dirigido pelo grande amigo e talentoso Maurício Osaki, que me dá a chance única de passar minhas férias aprendendo um pouquinho mais a fazer cinema para, então, escrever melhor ainda sobre a sétima arte e me aventurar ainda mais em sets futuros, The Truck fala da infância de das descobertas feitas pela pequena Vi, uma garotinha de 10 anos de idade que descobre que o pai é muito mais, e também muito menos, do que ela pensava ser.
Assim tem sido o Vietnã para mim. É muito mais, e muito menos, do que eu (e a a maioria esmagadora) de brasileiros pensava ser. É mais encantador, intrigante, surpreendente, caótico e zen ao mesmo tempo. É menos amendrontador, perigoso, pobre, estranho. É um novo olhar a cada dia.
A partir de hoje inicio um diário de filmagens do curta. E outro de pequenas-grandes impressões desta terra encantadora.
Antes, é bom saber:
HaNoi significa ‘Cidade Entre Rios. Ou em que o rio corre em seu interior.’
O trânsito da capital do Vietnam é um grande caos de fazer inveja à 23 de Maio em sexta-feira à tarde antes do Natal, mas há uma espécie de caos zen que faz com que todos saibam que está tudo errado, mas que tudo vai dar certo no final.
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