Pensamento mágico

PUBLICIDADE

Por Estadão
Atualização:
 Foto: Estadão

Terminei agora 'Magical Thinking', novo livro do escritor norte-americano Augusten Burroughs. Ex-publicitário típico de Nova York, Burroughs deve tornar-se mais famoso no Brasil quando estrear 'Running With Scissors', filme baseado em seu livro homônimo. Autobiográfico como tudo o que ele escreve, 'Running' conta a história do garoto Augusten, filho de um pai alcoólatra (Alex Baldwin) e uma mãe desequilibrada (Annete Bening). Como resultado disso, o filho vai parar em um psiquiatra mau caráter e é abusado sexualmente. Vira, a partir daí, gay. O livro sai em breve no Brasil, acredito que pela Ediouro.

PUBLICIDADE

Voltando ao 'Magical Thinking', o livro é uma coleção deliciosa e muito engraçada de crônicas desse gay neurótico nova-iorquino. Os trechos em que ele conta detalhes sobre seus relacionamentos com outros homens podem ser um pouco enfadonhas para heteros como eu, mas o humor debochado de Burroughs compensa com textos de morrer de rir e muito bem escritos: não é à toa que ele é o novo queridinho de Nova York. (Quem se interessar, acho que a Cultura deve trazer)

O livro tem várias pérolas, como a crônica em que ele conta que começou a sair com um cara e depois descobriu que o cara era... um coveiro. Ou quando ele narra seu desespero ao se ver totalmente dependente de uma empregada doméstica autoritária e maligna. É de chorar de rir.

Mas o melhor conto é mesmo 'Magical Thinking', onde o autor descreve tudo aquilo que a gente pensa, mas tem receio de falar. É, no fundo, sobre o poder da mente. Burroughs conta como desejou com toda sua força que uma ex-chefe tivesse um ataque cardíaco, o que veio a acontecer uma semana depois que ele foi demitido. Ou como é comum a gente 'jurar' para si mesmo que não vai pisar nas rachaduras da calçada, por exemplo, sob pena de ter que fazer algo assim ou assado. Quem nunca brincou de 'juro que vou encostar naquele poste ali na frente, ou nunca mais poderei tomar sorvete de creme' e por aí vai. Como eu disse, hiper-neurótico. Mas de chorar de rir.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.