A mulher-logotipo

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Por Estadão
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 Foto: Estadão

O Diabo Veste Prada, mas a mulher-logotipo é pior: ela veste todas as marcas do mundo ao mesmo tempo

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Passeando com minha mulher pela Oscar Freire, dei de cara com uma espécie cada vez mais comum na fauna da cidade: a mulher-logotipo.

Também chamada de mulher-etiqueta ou mulher-vitrine, a mulher-logotipo é fácil de reconhecer. Visualmente ela se destaca pelo número exagerado de marcas de luxo espalhadas pelo corpo, roupas e acessórios. Só para se ter uma idéia, a mulher-logotipo poderia facilmente ser multada pelo Cidade Limpa, aquela lei municipal que proíbe os outdoors.

A mulher-logotipo é coberta por símbolos literalmente dos pés à cabeça. O espécime solto na Oscar Freire usava um par de sapatos estampado com a marca que o diabo veste naquele filme de Hollywood, lembra? Você teria lembrado na hora se tivesse visto um logotipo daquele tamanho. Tive a impressão de que a mulher-logotipo calçava 52, mas tenho certeza de que era só impressão.

Vista de frente, sua calça jeans era até discreta; de costas, porém, esse espécime levemente acima do peso trazia nos bolsos traseiros um logotipo levemente acima do gigantesco. Ela usava um cinto que... bem, sinto muito. A fivela parecia tão pesada que não sei como a mulher se equilibrava sem cair para frente.

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Sua camisa era especial: em vez de tecido, era inteirinha costurada com letras brilhantes - e os óculos escuros iam nessa mesma linha. Nem sei como mulher-logotipo conseguia enxergar através de lentes douradas tão... douradas.

Não consegui ver as marcas dos brincos ou do relógio porque estavam cobertos por milhares de cristais. A bolsa - seria mais justo classificá-la como mala - também não exibia nenhum logotipo, a não ser que você considere a pele de um onça-pintada uma espécie de logotipo.

Confesso que fiquei apreensivo por encontrar um espécime de mulher-logotipo à solta, assim, na rua. Eu achava que todas ficavam confinadas em condomínios fechados e shoppings de luxo.

A filosofia delas diz que não basta comprar: tem que mostrar. É uma pena que esses exageros não estejam em extinção, muito pelo contrário. Tenho certeza de que existem pessoas legais debaixo de tantos logotipos - pena que não dá para ver.

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