Mãe, conta uma história que seja só nossa?
Foi este pedido que colocou a jornalista Alessandra Pontes Roscoe na literatura infantil. Na época, ela ainda não fazia ideia dos rumos que a história e sua vida tomariam.
Sentada na cama da filha Beatriz, então com 3 anos, Alessandra começou a inventar a história de uma menina que pescava estrelas. Todas as noite, Bia, hoje com 16 anos, pedia para ouvi-la novamente.
Quando Bia tinha 4 anos, perdeu um primo mais novo e passou a se perguntar por que criança morria. Foi então que alguém lhe disse que criança que morria virava estrela. E a história ganhou outro significado. Para mãe e para filha.
Um dia, Bia pediu que a mãe escrevesse a história que contava todas as noites. Ao ver o texto, perguntou o que faltava para virar um livro. Alessandra disse que não tinha ilustrações, mas que podia procurar um ilustrador. A menina ficou brava: ela mesma queria fazer os desenhos. E fez.
Era outubro de 2004 quando Alessandra e Beatriz publicaram, juntas, A Menina Que Pescava Estrelas.
Nele, elas contam a história de Mariana, uma menina que gostava tanto da lua e das estrelas que até conversava com elas. Seu desejo era descobrir um jeito de chegar mais perto do céu. Um dia, ela tem uma ideia e pede a um pescador amigo para trazer uma encomenda do mar. À noite, quando lua e estrelas aparecem, Mariana encaixa peça por peça e monta uma vara de pescar gigante.
Mariana lança o anzol ao céu e pega uma estrelinha. Enrola o molinete e alcança a estrela. Logo apresenta à visitante sua nova casa: o armário de seu quarto. No dia seguinte, a menina descobre que a estrela está mal. Pensa que é fome e percebe que ela não come comida, mas sim luz! Leva para dentro do armário todas as luzes que tem e passa a pescar mais estrelas do céu.
Quando já tem muitas estrelas, vê que a lua está triste, murcha. Na cidade, os moradores se perguntam sobre as estrelas. Mariana, então, tem de tomar uma decisão.
Três anos depois, com mais um livro publicado - Atrás do Olho Fechado -, Alessandra decidiu largar o jornalismo e se dedicar à literatura. Em 2008, A Menina Que Pescava Estrelas foi adaptado e virou um curta.
Hoje, com mais de 20 livros publicados, Alessandra se divide entre os três filhos - depois de Bia viram Felipe, de 12, e Luiza, de 6 -, a escrita, a mediação de leitura e os cursos de formação. Desde 2009, mantém em Brasília o projeto Uni duni Ler!, um clube de leitura para bebês.
Alessandra é uma das autoras convidadas neste ano para a Flipinha, braço da Feira Literária Internacional de Paraty (Flip) destinado a crianças. Nesta Estante de Letrinhas, vocês conhecerão nas próximas semanas outros escritores e ilustradores convidados e o primeiro livro publicado por cada um.