A seguir, trechos de Branca de Neve, do texto original dos irmãos Grimm.
Usando esse disfarce, ela viajou além das sete colinas até a casa dos Sete Anões. Ao chegar, bateu à porta e chamou: - Lindas mercadorias a preços baixos! Branca de Neve olhou pela janela e disse: - Bom dia, boa velhinha. O que a senhora tem para vender? - Coisas boas, coisinhas bonitas - disse a vendedora. - Laços para espartilho em todas as cores - e mostrou uma fita de seda entrelaçada por muitas cores. "Acho que posso deixar esta boa senhora entrar", pensou Branca de Neve, que abriu o ferrolho da porta e comprou a linda fita de seda. - Ah, minha filha, como você é bonita! Venha, deixe-me apertar a fita na sua cintura adequadamente. Branca de Neve não teve a menor desconfiança. Ficou parada diante da velha e deixou que ela colocasse a fita nova no seu espartilho. A velha apertou o laço tão depressa e com tanta força, que Branca de Neve ficou sem respiração e caiu desmaiada, como se estivesse morta. - Isso é por ser a mais bela de todas - disse a velha enquanto ia embora bem depressa. ... Usando toda a bruxaria de que dispunha, ela criou um pente envenenado. Depois trocou de roupa e se disfarçou de velha outra vez. Ela viajou além das sete colinas até a casa dos Sete Anões, bateu à porta e chamou: - Lindas mercadorias a preço baixo! Branca de Neve olhou pela janela e disse: - Vá pode ao menor dar uma olhada - disse a velha, mostrando o pente envenenado. A criança gostou tanto dele que se deixou enganar e abriu a porta. Assim que combinaram o preço, a velha disse: - Deixe-me dar uma boa penteada no seu cabelo. A pobre Branca de Neve não suspeitou de nada e deixou a mulher pentear-lhe os cabelos negros, o veneno fez efeito e a menina caiu no chão sem sentidos. - Pronto minha belezinha - disse a mulher perversa. - Agora eu acabei com você! E saiu às pressas.
E trecho de O Patinho Feio, de Hans Christian Andersen:
À noitinha, chegou a uma modesta casinha de camponeses: a casa era tão miserável que ela mesma não sabia de que lado desabaria, e acabou preferindo se manter de pé. O vento soprava tão forte em volta do patinho que ele teve de voar de costas para resistir. E tudo foi piorando. Então ele percebeu que a porta tinha saído da dobradiça e estava pendurada, de banda: assim ele poderia, pela fresta, se enfiar no casebre. Foi o que fez. Ali morava uma senhora idosa, com uma galinha e um gato, que ela chamava de Filhinho. O bichano sabia arquear as costas e ronronar, e seus olhos chegavam a lançar chispas, mas para isso era preciso acariciá-lo a contrapelo. A galinha tinha uns pés pequeninos, e por esse motivo a chamavam de Cri-cri-tampinha. Punha muitos ovos, e a mulher gostavga dela como se fosse sua filha. Pela manhã, logo descobriram o patinho desconhecido. O gato começou a ronronar, e a galinha, a cacarejar. "O que será isso?", perguntou a mulher, olhando ao redor. Mas não enxergava muito bem, e pensou que o patinho era uma pata bem gorda que tinha se perdido. "Que boa descoberta", disse, "vou ter ovos de pata; tomara que não seja um macho! Vamos ver!"