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Literatura infantil e outras histórias

Os livros e o Dia das Crianças

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Por Bia Reis
Atualização:

Neste Dia das Crianças, publico aqui um artigo da Karine Pansa, editora e presidente do Instituto Pró-Livro e da Câmara Brasileira do Livro (CBL). Ela fala sobre o hábito da leitura no Brasil, especialmente entre as crianças, e pergunta: Por que os livros não estão na lista de presentes?

Presentear com livro é oferecer às crianças um mundo de imaginação e aventura

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Por Karine Pansa

O Dia das Crianças chegou e entre os pedidos que fizeram parte da lista de meninos e meninas estavam brinquedos, celulares, videogames, tablets e diversos outros eletrônicos que fazem parte do mundo dos jovens de hoje. E os livros? Onde ficam na lista?

Praticamente não se vê uma criança pedindo um livro de presente, assim como é raro ver pais presenteando com livros. É claro que esses eletrônicos são prazerosos para crianças, jovens e adultos, mas é preciso ensinar e mostrar a essa nova geração que nos livros, sejam eles impressos ou digitais, encontramos um mundo de diversão, fantasias e brincadeiras.

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De acordo com a terceira edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, promovida pelo Instituto Pró-Livro, ler está em sétimo lugar na lista de coisas que gostamos de fazer no tempo livre, com 28%, atrás de TV, rádio, música, filmes, DVDs e outros tipos de afazeres. Ainda está na frente de navegar na internet, que possui 24%. Infelizmente, essa distância entre internet e leitura tem diminuído. Em 2007 eram 36% que gostavam de ler, contra 18% que preferiam ficar na internet.

Um ponto a ser observado entre os jovens de 5 a 13 anos é que, de acordo com o estudo, eles são os maiores leitores, com 24% do total. Então vemos que nossos grandes consumidores de livros estão na idade escolar. Outro dado da pesquisa é que 45% dos entrevistados disseram ter os professores como os influenciadores no hábito de ler, seguido pela mãe, com 43%, e o pai, com 17%. Essas pessoas juntas podem criar um leitor, por meio de exemplos e incentivos.

Apesar de os professores serem os principais influenciadores, há pontos a melhorar, já que o índice de leitura cai para 9%, quando os jovens atingem a faixa de 25 a 29 anos. Por que será que os pequenos consomem um alto número de livros didáticos durante a infância? Entre os pré-adolescentes de 11 a 13 anos, os livros didáticos são os mais lidos, com 47%. Na faixa dos 5 a 10 anos, esse tipo de livro também têm 47%, porém ainda perde para os livros infantis que atingem 66%.

O que temos que analisar com isso é: será que as crianças e jovens estão lendo por prazer ou por obrigação? De acordo com o Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e o Caribe (Cerlalc), no México, a população leitora é de 73%, no Brasil estamos com 50%. Um dos lugares que os mexicanos mais gostam de ler é a biblioteca com 33%, já no Brasil apenas 12% utilizam esses locais para leitura.

Alguns dos dados do estudo do Cerlalc estão no livro Retratos da Leitura no Brasil 3, que contém toda a pesquisa promovida pelo IPL e diversos artigos de pessoas ligadas ao meio livreiro e educacional, nele a presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Ana Maria Machado, cita em seu artigo que antigamente ouvíamos de nossos pais frases como: "Trate de estudar! A educação é a única herança que eu tenho para deixar para vocês".

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Pois bem, nós depositamos toda nossa esperança de educação aos nossos filhos na escola, mas será que ela está fazendo bem o papel dela? Porque ao sair do ciclo acadêmico praticamente não lemos mais?

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Entre as preferências de lazer dos brasileiros, citado nessa pesquisa, ler está em sétimo lugar. Os escritores brasileiros mais citados foram Monteiro Lobato, Machado de Assis, Paulo Coelho e Jorge Amado, não formamos novos escritores. Apesar de termos uma história literária riquíssima, precisamos desenvolver e promover autores novos, que escrevam com uma nova roupagem e atraiam essas crianças e jovens que nasceram na era do conhecimento.

Como disse Tzvetan Todorov, em A literatura em Perigo, "Somos todos feitos do que os outros seres humanos nos dão: primeiro nossos pais, depois aqueles que nos cercam; a literatura abre ao infinito essa possibilidade de interação com os outros e, por isso, nos enriquece infinitamente".

Aproveite o dia 12 para mudar de atitude. Dê ao seu filho um livro e a oportunidade de conhecer um universo infinito de descobertas e aventuras, além de uma vida inteira de aprendizado, cultura e diversão. E melhor: leia com ele e viaje com ele nesse mundo de aventuras.

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