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Literatura infantil e outras histórias

Biblioteca Mario de Andrade expõe livros infantis raros e cria programação aos domingos

'Livros para Crianças' é nome da exposição que será inaugurada no dia 4 de junho, com 58 obras raras que apenas pesquisadores da área têm acesso. Nas manhãs dos domingos, biblioteca promoverá atividades ligadas ao livro e à literatura

Por Bia Reis
Atualização:
 

Alguns dos livros que farão parte da exposição. Crédito: Taba Benedicto/Estadão

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Espaço para o silêncio, a leitura e o estudo. E também de convivência, encontro e ­- por que não? - diversão. Em tempos de fervilhantes discussões sobre o papel do livro e do conhecimento, a Biblioteca Mario de Andrade trilha seu caminho com foco na literatura, no estreitamento de vínculo com seus frequentadores e também na conquista de um novo público leitor, incluindo as crianças.

Nessa toada, a Mario de Andrade inaugura no dia 4 de junho, terça-feira da próxima semana, a exposição Livros para Crianças, composta por 58 obras raras, estrangeiras e nacionais, publicadas entre o início do século 17 e o início do século 20. Por meio dessas edições, a biblioteca apresenta um pedaço da história da literatura que hoje é conhecida como literatura infantil - ou literatura para a infância, como muitos especialistas na área preferem hoje nomeá-la.

"Queremos mostrar um material que hoje só está ao alcance de pesquisadores, que não costuma ficar aberto por conta da fragilidade dos volumes. Quando você vê essas edições organizadas, expostas, é uma história do livro, do mundo intelectual", conta Joselia Aguiar, diretora da Biblioteca Mario Andrade. Com curadoria de Rízio Bruno Sant'ana e Joana Moreno de Andrade, Livros para Crianças será a segunda exposição aberta na gestão de Joselia com base nas raridades. A primeira, Pioneiras, reuniu livros de mulheres escritoras.

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Crédito: Taba Benedicto/Estadão

O acervo destaca as duas correntes principais que ajudaram a consolidar a literatura infantil no Ocidente: as fábulas e os contos de fadas. De tradição oral, as fábulas ganharam suas primeiras versões escritas no século 6 a.C., pelas mãos do grego Esopo. Depois, no século 1, foram traduzidas para o latim por Fedro, romano escravizado. E ganharam projeção ao serem atualizadas por Jean de La Fonteine, no século 17, já com característica de texto para jovens.

Na corrente contos de fadas estão obras do francês Charles Perrault, que passou a recontar histórias populares no século 17, como A Bela Adormecida, A Lebre e a Tartaruga, e A Raposa e a Uva. Também há edições dos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, que tornaram clássicas histórias como Rapunzel, Chapeuzinho Vermelho, e João e Maria, e de Hans Christian Andersen, que eternizou O Patinho Feio.

A aumento da escolarização na França, a partir da Revolução Francesa, foi fundamental para a repercussão que tiveram as obras para crianças e jovens. O movimento, que pregava a educação para todos, independentemente da condição social, alavancou a criação de escolas e também a produção de material didático e de uma literatura voltada para os mais novos.

 

Crédito: Taba Benedicto/Estadão

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Além das fábulas e dos contos de fadas, quem for à exposição encontrará edições raras de Pinóquio, Alice no País das Maravilhas e As Viagens de Gulliver, também estrangeiras. Apesar de autores brasileiros terem começado a publicar, ainda que de forma tímida, no século 19, foi no início do século 20 que a produção ganhou força. De um lado, foram publicados livros que se contrapunham à fantasia, com a clara intenção de ensinar valores morais e cívicos aos leitores. Do outro, apareceram autores como Monteiro Lobato e Julia Lopes de Almeida.

 

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Crédito: Taba Benedicto/Estadão

"O acervo da Mario de Andrade foi formado com doações e aquisições de grandes colecionadores. Ele representa o gosto, a mentalidade do leitor intelectual paulista dos últimos dois séculos. Hoje a leitura está mais universalizada, mas há dois séculos atrás era mais restrita. No acervo, conseguimos ver o que interessava a aquele leitor e, olhando as ausências, o que também não interessava", pontua Joselia.

Na abertura da mostra, a editora Isabel Lopes Coelho, pesquisadora de Pinóquio e Peter Pan, conversará com o ilustrador Mauricio Negro, com mediação de Lívia Deorsola, e juntos eles apresentarão uma perspectiva história e editorial da produção de livros infantis no País.

MANHÃS DE DOMINGO NA MARIO

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Sala Infantil da Biblioteca Mario de Andrade. Crédito: Divulgação

Outra novidade é o programa Manhãs de Domingo na Mario, para reunir famílias e crianças. A partir do dia 2, sempre aos domingos, haverá primeiro, às 10h, uma atividade que conecta leitura e brincadeira e na sequência, às 11h, uma peça de teatro.

Ao longo de junho, a mediadora Nica e o grupo de educadoras Dúdú Badé farão atividades na Sala Infantil, inaugurada em agosto do ano passado. No auditório, será apresentada a peça infantil Pescadora de Ilusão, inspirada no texto A Mulher que Matou os Peixes, de 1968, de Clarice Lispector.

Para as atividades na Sala Infantil, não é preciso retirar ingressos. Já para a peça de teatro, é necessário pegá-los com uma hora de antecedência. A indicação é livre.

"Queremos que as crianças estabeleçam uma conexão com a Mario de Andrade e que, conforme cresçam, não tenham receito de entrar. Ainda há a ideia de que frequentar uma biblioteca desse porte é para intelectual. Queremos mudar essa percepção", diz a diretora da biblioteca, Joselia Aguiar.

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Com média de 2,5 mil frequentadores por dia, a Biblioteca Mario de Andrade é a maior do Estado de São Paulo e a segunda maior do País. Se você mora em São Paulo (ou vem para cá) e ainda não conhece o espaço, aproveite! O convite está feito! :o)

ServiçoBiblioteca Mário de Andrade Rua da Consolação, 94 - República Horário de funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h; aos sábados, domingos e feriados, das 8h às 20h. Há horários diferentes para exposições e coleções(clique aqui para checar).

Exposição Livros para CriançasAbertura: 4 de junho, às 19 horas Período: Até 28 de julho, das 10h às 19h

Manhãs de Domingo na Mario Abertura: 2 de junho, atividades às 10h e teatro às 11h

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