Bia Reis
16 de dezembro de 2014 | 14h54
Um poema infantojuvenil para todas as idades. É assim que o poeta concretista e crítico literário Augusto de Campos define Jaguadarte, de Lewis Carroll (1832-1989), livro que traduziu e Rita Vidal ilustrou, recém-lançado pela Nhambiquara Editora.
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Jaguadarte é, na verdade, um poema de Através do Espelho, de Carroll, que virou livro no Brasil para homenagear os 150 anos do clássico Alice no País das Maravilhas, do mesmo autor. Em Alice, a menina, ao encontrar o Homem-Ovo (ou Ovo-Homem), pergunta se ele poderia ajudá-la a entender o sentido das palavras de Jaguadarte.
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Em seus comentários, Campos explica que “o mínimo que se pode dizer (de Jaguadarte) é que é um dos poemas fundantes da modernidade”. Para compô-lo, Carroll usou “palavras-valise, que empacotam dois ou três vocábulos num só”.
“Era briluz.
As lesmolisas touvas roldavam e relviam nos gramilvos.
Estavam mimsicais as pintalouvas, e os momirratos davam grilvos.”
As palavras-valise não estão desprovidas de significado em favor do som: englobam nonsense e sentido, criam associações com a própria sobreposição. O poema, conta Campos, interessou os surrealistas.
Carroll brinca com a imaginação, a desafia. Ao narrar a história de Jaguadarte, constrói personagens e paisagens, mas também ações – roldar, relvar, mimsicar. E Rita Vidal, ao ilustrar a obra com recortes e colagens de papéis multicoloridos, cheios de textura e simplicidade, mostra uma das possibilidades das palavras-valise, com formas quase imprevisíveis.
Na linda edição da Nhambiquara há uma versão em audiolivro, executada pela Fundação Dorina Nowill, e a leitura do poema por Campos, com trilha sonora criada por seu filho, Cid Campos.
Serviço
Jaguadarte
Escritor: Lewis Carroll
Tradução: Augusto de Campos
Ilustração: Rita Vidal
Editora: Nhambiquaras
Preço: R$ 40
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