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Falando de Música -- Mudanças nos EUA...

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Por Estado da Arte
Atualização:

Por Leandro Oliveira

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As semanas se passam, e, além da abertura da Temporada Sinfônica da Osesp, o público paulistano conta com a prestigiosa série de câmara - podemos chamar assim, pela qualidade mesma da programação - da centenária Sociedade Cultura Artística.

Desde o início de março, assinantes da Osesp puderam ouvir Sinfonias de Mahler, Beethoven e Arvo Pärt. Aqueles associados ao Cultura Artística, o prestigioso Trio Wanderer, em programas com Beethoven (op. 70 n. 1 e op. 97), Fauré, Ravel, Tchaikovsky...

Para o amante da música, São Paulo, definitivamente, é o Brasil que deu certo.

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No resto do mundo clássico, os olhares se viram para os EUA. Deborah Borda, a Presidente e CEO da Los Angeles Philharmonic desde 2000, anunciou ainda no 15 de Março sua transferência para Nova Iorque. Assumirá no 15 de setembro próximo, retornando a sua cidade natal numa época em que a NY Philharmonic, apesar das admiráveis inovações de seu maestro Alan Gilbert, parece sem direção. Além disso, deve lidar com um déficit orçamentário crônico. Será parceira do recém nomeado direotr musical, o holandês Jaap van Zweden.

Deborah é reconhecida mundialmente como uma das mais habilidosas gestoras institucionais da área, com passagem pela Detroit Symphony e San Francisco Symphony, e retorna à Filarmônica de Nova Iorque após uma tentativa frustrada com a orquestra nos anos noventa. Alguns comentários da crítica, traduzidos de veículos internacionais:

Norman Lebrecht: "Quando Jaap van Zweden, que costuma cancelar aparições com certa frequência, se apresentou na LA Phil na semana passada, as antenas começaram a se mexer. O holandês não voa sem uma boa razão. Acontece que ele estava lá para cortejar como podia a presidente da LA Phil, levá-la de volta para casa e salvar a Filarmônica de Nova York, que está afundando e totalmente sem direção. Agora sabemos: funcionou. Jaap usou toda a sua doçura, e Deborah Borda, que come maestros edulcorados no café da manhã, ficou convencida - tanto pela sua argumentação quanto pelos concertos que deu com o LA Phil. Ela pode lidar com o diretor musical da NY Phil [...] Este é um trabalho duro para entrar aos 67 anos, mas Borda gosta de trabalhos assim."

Alex Ross: "Executivos de orquestras tendem a se dividir em duas categorias: aqueles que premiam a ordem, tendendo assim a um excesso de cautela, e aqueles que fomentam a criatividade, arriscando assim o caos ou o desperdício. Borda tem a rara habilidade de cultivar experimentos e impor disciplina em igual medida. O mundo da música, de modo algum cheio de líderes desse calibre, há muito se perguntou o que ela poderia fazer em seguida [a Los Angeles]. Parecia provável assumir um papel ainda mais expansivo, como a execução do Lincoln Center ou a Juilliard. Em vez disso, na semana passada [...] anunciou que iria voltar para a Filarmônica de Nova York, que já havia liderado antes de ir para Los Angeles. Em 2000, seu movimento para o oeste tinha parecido um passo para baixo. Agora, em um paradoxo espacial digno de M. C. Escher, seu movimento de volta ao leste parece um passo para baixo outra vez [...] (o orçamento da L.A é de cento e vinte milhões de dólares, o de Nova York é setenta e cinco milhões). No entanto, a escolha não é tão estranha quanto parece. Borda adora desafios, e Nova York vai lhe dar muitos deles, como a tarefa de encontrar centenas de milhões de dólares para a renovação do David Geffen Hall."

Anthony Tommasini: "Durante seu mandato de 17 anos em Los Angeles, Borda transformou a Filarmônica na mais dinâmica e bem sucedida orquestra dos Estados Unidos. Ela contratou Gustavo Dudamel como diretor musical, quando ele ainda tinha vinte e poucos anos e era pouco conhecido, e ajudou-o a se tornar um novo rosto carismático da música clássica, além de um líder artístico destemido. Ela abrigou a orquestra no Disney Concert Hall, um dos lugares mais interessantes do mundo para a música. [...] Eu tenho dúvidas se o maestro Jaap van Zweden, que sucederá Gilbert como diretor musical em 2018, é a escolha certa para a Filarmônica neste momento. Ele ter pressionado fortemente Borda para se juntar a ele em Nova York é o indicador mais encorajador até agora de suas ambições artísticas. Em uma entrevista recente, ele a elogiou por saber 'como chegar ao público, como fazer uma conexão com a cidade'. Estes são comentários promissores."

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Entre Brasil e América do norte, Alex Olegnowicz faz uma ponte. O produtor de cinema canadense realizará um papo sobre "Os desafios para o streaming de orquestras sinfônicas". CEO da Symmetrica INC., Alex apresentará dados e referências da atual situação deste que talvez seja o maior desafio para as grandes instituições sinfônicas de todo mundo. A questão é premente. Afinal, faz parte de uma estratégia maior que tenta responder à pergunta: como seguir relevante e gerando interesse para um público cada vez maior e que está além das quatro paredes das salas de concerto?

O evento com o produtor é aberto ao público e auspiciado pelo LabCine - Laboratório de Artes Cinemáticas e Visualização da Universidade Presbiteriana Mackenzie.O LabCine é um projeto associado à pós-graduação Stricto Sensu (mestrado e doutorado) em Educação, Arte e História da Cultura e à Faculdade de Computação e Informática (FCI) da referida universidade, e conta com apoio da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, através do Grupo de Trabalho de Aplicações Avançadas de Visualização Remota.

Coordenada pela professora Dra. Jane de Almeida, a pesquisa sobre linguagens e tecnologias para streaming de orquestras liderado pelo laboratório é pioneiro no ambiente acadêmico brasileiro. O encontro com Olegnowicz acontece na terça-feira, dia 04 de abril às 10h00, no subsolo do prédio da Faculdade de Arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie (Campus São Paulo). O acesso ao local pode ser realizado pelo portão da Rua Itambé ou pelo portão principal na Rua da Consolação, 930.

Leandro Oliveira é compositor e regente de orquestra, anfitrião do projeto "Falando de Música" da Osesp. 

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