André Carmona
03 de maio de 2018 | 15h42
Aos 14 anos, Pio Amato bebe, fuma e comete pequenos furtos nos arredores de Gioia Tauro, na Calábria, região sul da Itália. O porto local, sob comando da temida ’Ndrangheta, a máfia calabresa, é famoso por ser a maior porta de entrada de drogas da Europa. O cotidiano, ali, é pobre, violento e estigmatizado.
No bairro de Ciambra, onde vivem Pio e sua família, o preconceito é ainda mais latente. Eles fazem parte de uma comunidade cigana. E, ainda que a ocupação da Itália pelo povo ‘rom’ – como são chamados – date do período medieval, seus descendentes são marginalizados até os dias de hoje.
Em Ciganos da Ciambra, filme premiado na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, em 2017, o diretor Jonas Carpignano parte da história de Pio Amato para retratar a sofrida vida desses habitantes da Itália meridional.
Com a prisão do irmão, é o adolescente quem precisa sustentar a família. Assim, ele passa a circular entre imigrantes africanos, criminosos e gente de todo tipo. Aprende, então, o significado da amizade e enfrenta também um grande dilema – está dividido entre a pressão por amadurecer cedo e seus instintos pueris.
Seria menos tocante se a história fosse totalmente ficcional. Mas não é. Pio Amato é um cigano que vive, de fato, em Ciambra, assim como a maioria dos personagens da trama. Talvez por isso as cenas sejam tão fortes. E a ‘atuação’ de Pio, tão incrível e verdadeira.
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