Redação Divirta-se
20 de agosto de 2020 | 16h00
RÊ PROVA
Toda semana, Renata Mesquita vai reprovar absurdos vistos por aí nessa nova rotina imposta pela pandemia
Não toca no meu mamão
Minha primeira área de expertise (em bodes) são pessoas, já profissionalmente, sou especialista em comer, explico. Como repórter do Paladar, o caderno de gastronomia aqui do Estadão, sou grande frequentadora de bares e restaurantes. Agora, junta os dois numa época como essa, dá uma bomba atômica de absurdos.
Se engana quem pensa que venho aqui reclamar da comida, ou mesmo do serviço. Reprovo mesmo os clientes, os reais inconvenientes na maioria das vezes, em pandemia ou não, – salvo exceções: ninguém merece ter água sendo despejada no seu copo a cada dois segundos, sem você pedir.
Já saiu para comer e beber nas últimas semanas? Espero que não, mas eu saí, por força maior de trabalho. Então vou te contar, os lugares que visitei estavam fazendo tudo direitinho, termômetro na porta, álcool em gel em tudo quanto é canto, face-shield, máscaras, garçons muito bem treinados, mesas espaçadas. Enfim, em grande parte, me senti muito “segura” em todos eles.
Mas advinha quem estava causando tumulto? Os clientes, claro! Eram grupos maiores de seis pessoas querendo juntar as mesas para sentarem juntos, inclusive, insistindo para os garçons. Vi muitos indo ao banheiro, e cruzando os salões, sem recolocar as máscaras (e passando junto as bandejas de comidas, ai!). Jovens e adultos levantando das mesas para fumar do lado de fora com os copos nas mãos, e lá ficando, com suas máscaras penduradas na orelhas, ou enfiadas no bolsos. Ouvi pessoas reclamando que era um absurdo não ter galeteiros nas mesas, “guardanapos de papel em um lugar como esse?”.
A vontade é de chegar junto ao garçom (não muito) e falar “manda esse povo embora”. Tem quem argumente que a responsabilidade é da casa de orientar os clientes, concordo até certo ponto. Não é só porque estou naquele lugar que ele tem a responsabilidade sobre meus atos, cada um de nós tem que ter consciência sobre eles. Além de colocar os funcionários em situações superdelicadas.
Queremos nossas vidas normais de volta? Queremos! Mas vamos colaborar pessoal (você sabe muito bem de quem estou falando).
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.