'Eu não consigo respirar' foi uma das últimas frases proferidas pelo negro George Floyd antes de ser morto por um policial branco durante abordagem em Minnesota, nos EUA. O crime foi filmado e compartilhado nas redes sociais. Protestos contra a violência policial e, principalmente, contra o racismo, se proliferaram então em todos os 50 Estados americanos.
O movimento ganhou proporção mundial e diversos países, incluindo o Brasil (onde casos semelhantes acontecem frequentemente), resolveram intensificar a importância de sermos antirracistas... Mas tudo foi feito pelas redes sociais e através da hashtag com fundo preto #blackouttuesday.
E é isso que me leva ao foco principal da coluna desta semana: aprender o que é o "privilégio branco" do qual tanto se fala e o significado de "Black Lives Matter" ("Vidas Negras Importam"), para transformar essa luta histórica em algo além de um post.
Pretos e pretas que fazem parte da minha bolha de redes sociais e de muitas outras indicaram os mais importantes conteúdos multiplataformas para nos enriquecermos. Papel e lápis na mão, a aula vai começar:
A série documental de cinco episódios Guerras do Brasil pode ser encontrada na Netflix e mostra como o nosso País foi moldado por séculos de conflitos armados. Destaque para o episódio As Guerras de Palmares.
I Am Not Your Negro (GlobosatPlay e Google Play Filmes) foi um dos documentários mais citados nas redes sociais. Inspirado no livro Remember this House, do escritor e ativista James Baldwin e com narração de Samuel L. Jackson, o doc aprofunda com realismo as histórias de Martin Luther King, Malcom X e Medgar Evers, amigos de Baldwin e nomes importantes na luta por direitos civis nos Estados Unidos.
Olhos que Condenam (Netflix) conta a história de cinco adolescentes que foram acusados injustamente por um ataque no Central Park, em Nova York. Há um documentário especial sobre a minissérie com a apresentadora Oprah Winfrey na mesma plataforma. Haja estômago.
Nós (NOW) e Corra! (Netflix) são filmes do mesmo diretor. Jordan Peele. Ambos escancaram o privilégio branco e racismo em meio às cenas assustadoras de um clássico filme de terror.
Mais produções como o biográfico Malcom X (Prime Video), o filme Infiltrado na Klan (Google Play Filmes), e as séries Atlanta (Netflix) e Insecure (HBO/HBO GO) foram indicadas em grandes escalas nas mídias sociais.
Indicações estreladas
Três das figuras pretas brasileiras com o maior alcance midiático desse primeiro semestre também separaram um tempinho de suas rotinas para deixarem indicações.
Começando pela médica e vencedora da última edição do reality Big Brother Brasil, Thelma Assis: "Indico Rest in Power: the Trayvon Martin Story'(Amazon US), que conta com a produção do Jay-Z. Como expliquei no meu canal no YouTube (bit.ly/telma-indica), a morte do Trayvon deu início ao movimento Black Lives Matter em 2013. Eu assisti e recomendo".
Outro participante da edição, Alexandre da Silva Santana, o Babu: "Tenho dicas muito boas de filmes, onde você tem protagonismo preto e poesia: o primeiro é A Cor Púrpura (Amazon Prime), um longa maravilhoso com a atriz Whoopi Goldberg".
Ele indica também Diamante de Sangue (YouTube Premium) e O Último Rei da Escócia (Google Play Filmes/NOW). "Esses três filmes são lindos, não abordam a questão da supremacia branca, mas tem a supremacia de um povo preto protagonizando histórias lindas."
Já a funkeira Ludmilla sugeriu A 13ª Emenda (Netflix). "É um material audiovisual que fala sobre como esta emenda (dos EUA) perpetua a escravidão, além de comentar sobre o aumento da população carcerária e como mesmo depois de décadas os negros continuam sendo prejudicados por uma sociedade extremamente racista."
É claro que não consigo listar toda a nossa lição de casa sobre o assunto neste espaço. Mas, que enfim, possamos começar por esta aula.