PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Divirta-se

Mostra reúne obras de Frida Kahlo e de mulheres do modernismo mexicano

Por Celso Filho
Atualização:

Foto: Nickolas Muray Photo Archive/Divulgação

PUBLICIDADE

Antes de morrer, Diego Rivera confiou seus documentos pessoais e os de Frida Kahlo para Dolores Olmedo. Eram arquivos que deveriam permanecer em segredo e só foram abertos em 2006. Muitas revelações saíram daí. Inclusive, registros que ligavam Frida a outras modernistas. É este o mote da mostra Frida Kahlo: Conexões entre Mulheres Surrealistas no México, que inaugura domingo, 27, no Instituto Tomie Ohtake.

A exposição reúne cerca de cem obras, entre pinturas, fotografias, objetos e documentos. São exibidas 33 peças assinadas por Frida, além trabalhos de artistas como Leonora Carrington, Maria Izquierdo e Remedios Varo. "Essas mulheres estão conectadas. Algumas muito diretamente a Frida.", diz a curadora Teresa Arcq.

O Divirta-se visitou a mostra antes da abertura e conta, nas próximas páginas, um pouco do que o público deve encontrar.

ONDE: Instituto Tomie Ohtake. Av. Brig. Faria Lima, 201, Pinheiros, 2245-1900. QUANDO: 11h/20h (fecha 2ª). Inauguração: dom. (27). Até 10/1/2016. QUANTO: R$ 10 (3ª, grátis).

Publicidade

+ Quer evitar filas? É possível comprar o ingresso antecipadamente pelo site www.ingresse.com. São dois horários de visitação: 11h e 16h

+ Para saber mais. A peça 'Frida y Diego', no Teatro J. Safra, conta o relacionamento dos dois artistas, em texto de Maria Adelaide Amaral.

+ Depois de SP. A mostra segue ainda para a Caixa Cultural do Rio, em fevereiro. Em abril, é a vez da Caixa Cultural de Brasília

 

Vídeo: Como Frida virou um ícone pop

+ Multimídia: veja especial sobre a obra de Frida Kahlo

Publicidade

FORMAS E SÍMBOLOS

 Foto: Estadão

PUBLICIDADE

Foto: Banco de México Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust

+ Entre as 20 pinturas de Frida que estão na mostra, seis são autorretratos. Mas a artista também se representou em outras obras. Nelas, Frida expressava diferentes olhares sobre si mesma - ora cercada por macacos ora retratada como uma mãe, com Diego Rivera em seu colo (foto acima). O mesmo é visto nas criações das outras surrealistas, embora com simbologias diferentes. "É uma autoexploração da vida interior, em representações psicológicas e altamente simbólicas. Para essas mulheres, a representação do corpo também traz temas como a família, os filhos e a violência de gênero", comenta Teresa. No conjunto exposto, é possível observar a singularidade do olhar de cada artista.

CORPO E ESTILO

+ Uma parcela da mostra se dedica a apresentar como essas modernistas se dedicaram à produção de naturezas-mortas - gênero que Frida preferia chamar de 'natureza-viva'. Em suas mãos, as criações representavam mais do que objetos inanimados. Elas contavam histórias ou serviam como protesto. "Por exemplo, a obra poderia ganhar uma simbologia erótica, como as frutas representando o corpo feminino. Em outras, elas utilizaram o gênero para representar seus sentimentos sobre relacionamentos amorosos", afirma a curadora. É o caso da pintura 'Corazón Egoísta' (1951), de Olga Costa, na qual um cacto em formato de coração é perfurado por uma faca. Na foto abaixo, a tela 'Los Cocos', pintada por Frida Kahlo, em 1951.

Publicidade

 Foto: Estadão

Foto: Banco de México Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust

+ Além das pinturas, a mostra também exibe ensaios de Frida Kahlo, feitos por diferentes artistas. Alguns tinham uma relação muito próxima à artista. É o caso da suíça Lucienne Bloch, que estava em exílio nos EUA, e registrou Frida em um ensaio em 1931. As duas se conheceram naquele ano, quando Diego Rivera produziu o seu famoso mural no Rockfeller Center, de Nova York. Quem também morava nos EUA era o húngaro Nickolas Muray, que conheceu a mexicana nos anos 1930 e se tornou seu amante - por sinal, um de seus mais intensos casos amorosos. Outra fotografia de destaque na exposição foi feita por Lola Álvarez Bravo, na qual Frida posa em frente a um espelho.

+ Uma das faces mais marcantes de Frida era sua maneira de vestir, com flores e roupas coloridas, que remetem às tradições mexicanas. Para explorar esse lado, a mostra exibe seis manequins com figurinos inspirados na artista. As peças são da Comissão Nacional para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas.

+ Também são expostos trabalhos sobre papel da artista. É o caso da litogravura 'Frida y el Aborto', de 1932. A obra foi inspirada no aborto que a artista sofreu no mesmo ano, quando morou em Detroit, nos EUA. Para desenhar o feto, Rivera lhe deu um livro de ciências naturais, pois ela não pode ver o filho após a morte.

ENTRE AMIGAS

Publicidade

Elas podem até ter estilos diferentes, mas viveram e criaram na mesma sociedade artística. Conheça um pouco das surrealistas que acompanham Frida na mostra:

 Foto: Estadão

Foto: Alice Rahon State/Collection Museo de Arte Moderno, México

+ Alice Rahon e Frida se tornaram amigas quando a mexicana expôs em Paris. Na época, Alice escreveu um poema sobre as pinturas de Frida. A amizade se tornou mais forte quando a francesa se mudou para o México, durante a Segunda Guerra. De suas confidências surgiu a pintura acima, 'Balada por Frida Kahlo'.

+ Para fugir da guerra, a britânica Leonora Carrington se casou de fachada com o mexicano Renato Ludec que frequentava a Casa Azul. O misticismo era um dos principais elementos de suas criações. Em 'Three Women with Crows' (1951), por exemplo, ela se representa ao lado de Remedios e Kati Horna, que também moravam no México, em um ritual. Na pintura, as três mulheres estão cercadas por corvos e parecem se transformar em animais.

 Foto: Estadão

Foto: Francisco Kochen/Cortesia da Galeria de Arte Mexicano

Publicidade

+ Ao lado de Frida Kahlo, Maria Izquierdo foi uma das mais importantes artistas mexicanas na primeira metade do século 20, responsáveis por projetar o modernismo mexicano no exterior. Acima, a obra 'Trigo Crecido', de 1940.

+ A espanhola Remedios Varo também conheceu Frida em Paris. Em uma carta de 1939, Remedios pediu sua ajuda para conseguir asilo no México, durante a guerra. Uma de suas obras de destaque na mostra é a pintura 'Roulotte', de 1955. Nela, Remedios experimenta a representação de quatro dimensões, ao pintar um fundo infinito no interior da carruagem.

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.