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'É Tudo Verdade' exibe 85 filmes de 26 países até 17/4

Mesmo em ano de crise, festival de documentários É Tudo Verdade consegue manter tamanho semelhante e traz 85 filmes em sua 21ª edição

Por Rafael Sousa Muniz de Abreu
Atualização:

Fotos: divulgação. Foto: Estadão

Em tempos conturbados no Brasil e no mundo, o documentário tem seu papel garantido. Segundo Amir Labaki, diretor do É Tudo Verdade, que exibe a programação gratuita de sua 21ª edição, que vai de hoje (8) até 17/4, o gênero funciona como 'uma pausa iluminista' diante das crises contemporâneas. "É um gênero que nos ajuda a compreender o mundo", comenta.

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Apesar desse 'poder', é preciso tempo para reflexão. "Seria prematuro esperar produções que se relacionem diretamente com a difícil conjuntura atual", ressalva Labaki, referindo-se à crise política nacional. Independentemente disso, não faltam filmes que refletem o 'estado das coisas' - nome, aliás, de uma das seções do festival -, como a questão da imigração e o conflito palestino.

Entre os 85 trabalhos exibidos, vindos de 26 países, é difícil encontrar um eixo temático, mas há uma constante: muitos são os filmes que tiveram suas narrativas construídas ao longo das filmagens. É o caso de 'Fogo no Mar' (foto), exibido na sexta (8), às 20h, no Reserva Cultural. A seguir, confira uma seleção dos trabalhos de destaque do evento, além de uma entrevista com Carlos Nader, cuja obra merece retrospectiva.

COMPETIÇÃO DE LONGAS NACIONAIS

 Foto: Estadão

+ Em seu Imagens do Estado Novo 1937-45, Eduardo Escorel se volta mais uma vez para Getúlio Vargas - um dos 'protagonistas' de '35 - O Assalto ao Poder' (2002), sobre o levante comunista contra o presidente. No novo longa, com quase quatro horas de duração, o período político liderado pelo gaúcho é abordado por imagens de cine-jornais, fotografias, cartas, trechos dos diários de Vargas, filmes e canções. Devido à duração do filme, suas duas sessões são exibidas com intervalos de 15 minutos.Cinearte: 15/4, 19h; 16/4, 13h.

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Homenageado na última edição do festival, Vladimir Carvalho já planejava, na ocasião, o lançamento de Cícero Dias, o Compadre de Picasso, longa sobre o pintor pernambucano. A obra encerra sua trilogia sobre o modernismo, ao lado de filmes sobre os escritores José Lins do Rego e José Américo de Almeida. Cinearte: sáb. (9), 21h e dom. (10), 13h.

 

 

A competição nacional também é fraternal: irmão de Vladimir, Walter Carvalho dirige um filme sobre o poeta carioca Armando Freitas Filho, organizador da obra de Ana Cristina César. Manter a Linha da Cordilheira Sem o Desmaio da Planície é protagonizado pelo próprio Armando, que fala de sua vida e sua obra. Cinearte: 3ª (12), 21h e 4ª (13), 13h.

COMPETIÇÃO DE LONGAS INTERNACIONAIS

 Foto: Estadão

Depois de anos vivendo no exterior, o escritor Ricardo Piglia renuncia a seu cargo na Universidade de Princenton, nos EUA, para voltar à sua terra natal, a Argentina. Com o regresso, o autor de 'Dinheiro Queimado' (1998) e 'Formas Breves' (2004)se propõe a revisitar seus diários íntimos, que escreveu ao longo de 50 anos. É este processo que 327 Cadernos (foto), do argentino Andrés Di Tella, acompanha. Cinearte: sáb. (9), 19h. Reserva Cultural: dom. (10), 16h.

Em Chicago Boys, a história dos chilenos que estudaram economia sob a tutela de Milton Friedman nos EUA, durante a Guerra Fria. Duas décadas depois, eles seriam responsáveis por idealizar o modelo neoliberal - louvado por uns e criticado por outros - implementado durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973 - 1990) no Chile. Reserva Cultural: dom. (10), 22h. Cinearte: 4ª (13), 19h.

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 Foto: Estadão

Kate Interpreta Christine (foto), de Robert Greene, aborda um episódio lendário da televisão americana: nos anos 1970, na Flórida, durante um programa ao vivo, a apresentadora Christine Chubbuck comete suicídio. No longa, atravessado pela metalinguagem, o público acompanha a atriz Kate Lyn Sheil durante seu processo de preparação para interpretar a repórter num filme. Reserva Cultural: 2ª (11), 14h. Cinearte: 15/4, 17h.

 

 Foto: Estadão

Para filmar a vida de uma criança e seus pais em Pyongyang, na Coreia do Norte, Vitaly Mansky abdicou do controle sobre o roteiro e as locações de seu longa. Mas em Sob o Sol (foto), ao filmar a rotina de uma menina que a preparava para o 'Dia da Estrela Brilhante', aniversário do ditador Kim Jong-il, ele burlou a censura deixando a câmera ligada enquanto as cenas eram montadas.Reserva Cultural: 3ª (12), 22h. Cinearte: 5ª (14), 17h.

 

COMPETIÇÃO DE CURTAS

 Foto: Estadão

Nove curtas nacionais (sete deles em estreia mundial) e nove trabalhos internacionais inéditos no País são exibidos no festival. Entre os trabalhos de destaque estão Eu Tenho Uma Arma (foto), de Ahmad Shawar, sobre a vila palestina Kafar-Kaddoum, ocupada por Israel (CCSP, 9/4, 16h; Cinearte: 10/4, 15h), e o brasileiro Fora de Quadro, de Txai Ferraz, (Cinearte, 9/4, 15h; CCSP, 13/4, 16h), protagonizado por uma professora, um azulejista, uma empregada doméstica e uma estudante.

 

FORA DE COMPETIÇÃO

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Neta do primeiro presidente socialista eleito na América Latina, a diretora Marcia Tambutti Allende revisita as memórias de sua família em Allende, Meu Avô Allende (foto) 35 anos após a deposição de Salvador Allende por um golpe de direita ela resgata sua memória. Cinearte: 2ª (11), 15h. CCSP: 4ª (13), 18h.

 

O clássico 'Shoah' (1985) é revisitado em Claude Lanzmann: Espectros do Shoah. No documentário de Adam Benzine - indicado ao Oscar de melhor melhor curta-metragem documental neste ano -, exibe material inédito do filme dos anos 1980, e aborda a vida e a obra do diretor francês. Cinearte: 6ª (8), 21h; sáb. (9), 18h15.

 

 

Em Atentados: As Faces do Terror (foto), de Stéphane Bentura, as razões por trás dos ataques terroristas no Charlie Hebdo, no mercado Hyper Cacher e na casa de shows Bataclan, na França, são sondadas a partir das trajetórias dos terroristas que os orquestraram. Reserva Cultural: sáb. (9), 22h. Itaú Cultural: 4ª (12), 14h. 

 

 

Jihan El Tahri , diretora de Faraós do Egito Moderno (Mubarak/ Nasser/Sadat) vem ao País para uma conversa na 4ª (13), às 14h, na 15ª Conferência Internacional do Documentário. A fala ocorre na Cinemateca, entre as sessões de seu trabalho sobre a história egípcia. Reserva Cultural: 2ª (11), 20h. Itaú Cultural: 5ª (14), 16h. Cinemateca: 4ª (13), 12h30 e 17h.

 

 

Gabo: A Criação de Gabriel García Márquez (foto), de Justin Webster, explora a vida do escritor colombiano, do nascimento na cidadezinha de Aracataca à sua participação em negociações entre Bill Clinton e Fidel Castro. Na tela, depoimentos de escritores como Juan Gabriel Vásquez e Plinio Apuleyo Mendoza. Cinearte: sáb. (9), 13h. CCSP: dom. (10), 20h.

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O Homem Que Matou John Wayne explora o cineasta, ator, dramaturgo e poeta moçambicano radicado no Brasil Ruy Guerra. Embora biográfico, não é um documentário convencional. A partir de um encontro imaginário entre Guerra e John Wayne, aborda sua obra por meio de entrevistas, depoimentos, videoarte e performances. Cinearte: 2ª (11), 19h e 17/4, 13h.

 

 

A belga Chantal Akerman é a protagonista de Não Pertenço a Lugar Algum - O Cinema de Chantal Akerman (foto) No longa de Marianne Lambert, a cineasta, que se suicidou em 2015, é explorada por entrevistas e trechos de filmes. Cinearte: 5ª (14), 19h.

 

CINEMA ESPORTIVO

 Foto: Estadão

O festival realiza uma mostra dedicada à Olimpíada, a Cinema Olympia. 'Anéis do Mundo' (Reserva Cultural, 13/4, 20h; CCSP, hoje, 18h, foto), por exemplo, foca a inovação tecnológica e a maior participação feminina nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sochi.

NADER COMPLETO

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Vencedor de três É Tudo Verdade, o cineasta Carlos Nader ganha uma retrospectiva de sua obra na edição deste ano. Confira a conversa do diretor com o Divirta-se.

Qual é a sua relação com o festival?

Desde a primeira edição eu já frequentava como espectador. Depois, houve um momento especial para mim: a conferência naquele ano foi sobre o subjetivo no documentário, e chamaram a mim e ao Cao Guimarães. Isso foi muito importante, porque eu sempre acreditei que o que eu fazia era documentário. As pessoas consideravam documentários filmes de viés mais jornalístico naquele momento. No festival, tive uma espécie de reconhecimento.

Como você aborda a relação com os objetos de seus filmes?

A linguagem de cada filme nasce do meu encontro com o protagonista. A de 'A Paixão de JL' tem muito a ver com o próprio Leonilson, uma espécie de potência extraída da simplicidade. Não é o meu caso. Eu aprendi muito com a linguagem do processo. A minha postura é de porosidade, de abertura, de estar disposto a mudar completamente o caminho no meio do processo.

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Como o documentário se relaciona com a crise política que o Brasil vive atualmente? 

Acho que há um imediatismo recorrente. O que conta é se sua camisa é vermelha ou amarela, e vejo nisso um estupro da complexidade. Isso me aflige bastante. Um gênero como o documentário talvez possa restabelecer o tempo das coisas.

DESTAQUES

'Carlos Nader' (1998). Cinemateca: 15/4, 17h.

'Concepção' (2001). Reserva Cultural: hoje (8), 18h. Cinemateca: 16/4, 15h.

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'Pan-cinema Permanente' (2008). Reserva Cultural: dom. (10), 18h. Cinemateca: 17/4, 17h.

 

ONDE ASSISTIR

CCSP. Av. Vergueiro, 1.000, Paraíso, 3397-4002.

Cinearte. Conjunto Nacional, Av. Paulista, 2.073, Bela Vista, 3285-3696.

Cinemateca. Lgo. Senador Raul Cardoso, 207, V. Clementino, 3512-6111.

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Cine Olido. Av. S. João, 473, Centro, 3331-8399.

Circuito SPCine Butantã. Av Eng. Heitor Antônio Eiras Garcia, 1.728, 3732-4550.

Circuito SPCine Meninos. R. Barbinos, 111, S. João Climaco, 2945-2543

Itaú Cultural. Av Paulista, 149, Bela Vista, 2168-1777.

Reserva Cultural. Av. Paulista, 900, Bela Vista, 3287-3529.

Todas as sessões são gratuitas - e é preciso retirar ingresso 1h antes. Programação completa: www.etudoverdade.com.br

 

 

 

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