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Casa de Francisca inicia nova fase em palacete histórico

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Por Renato Vieira
Atualização:

A figura de Adoniran Barbosa ainda se faz presente na música de São Paulo. Ao encontrar uma placa com o rosto do compositor de 'Trem das Onze' na porta do Palacete Teresa Toledo Lara, erguido entre as ruas Direita, Quintino Bocaiuva e José Bonifácio, Rubens Amatto, cofundador e curador da Casa de Francisca, quis que o prédio abrigasse uma nova fase daquela que é orgulhosamente denominada a 'menor casa de shows de São Paulo'.

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Sua programação plural vai da bossa nova da pioneira Alaíde Costa e chega a trabalhos concebidos por músicos contemporâneos que fizeram do lugar sua residência artística, como o trio Metá Metá. Em uma reunião para definir a ocupação de parte do imóvel, a proprietária Tereza Artigas disse a Rubens que tinha o sonho de devolvê-lo à cidade. Quatro anos depois, o desejo se cumpre. A partir de 4ª (8), a Casa de Francisca começa suas atividades no Centro, depois de uma década nos Jardins.

LEIA MAIS| Confira quais serão os primeiros shows da nova Casa de Francisca

A casa mantém sua proposta intimista, expandindo suas atividades em uma sede um pouco maior. Em vez dos 44 lugares, agora, há espaço para 120 pessoas sentadas e até 200 em pé. Ainda este mês, ela abrirá a partir das 12h para almoço. Outra programação que está sendo planejada é a de um cineclube.

E até mesmo um selo de gravação deve surgir. A seguir, confira detalhes desta nova fase do espaço. Pode entrar que a casa é sua.

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ONDE: R. Quintino Bocaiuva, 22, metrô Sé, 3052-0547. 

UM TANTO DE HISTÓRIA

- Rubens Amatto e Rodrigo Luz abriram a Casa de Francisca em 2006, nos Jardins. A foto ao lado mostra como era o espaço em 2009. Em dez anos, o local recebeu cerca de 2.300 shows.

- A Francisca que dá nome à Casa morou nos anos 1930 no imóvel da Rua José Maria Lisboa. Vizinhos dizem que a espanhola Paquita, seu apelido, recebia pessoas para tomar chá.

- No pequeno palco da Casa, os músicos experimentavam formações enxutas. Juçara Marçal, Kiko Dinucci e Thiago França formaram o Metá Metá depois de um show lá.

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- Para bancar uma reforma na antiga sede, foi criado em 2012 o festival El Grande Conserto (com S mesmo). O evento já teve quatro edições, em diferentes espaços.

- Um dos shows clássicos da Casa é 'Caixa de Ódio', em que Arrigo Barnabé canta Lupicínio Rodrigues. O projeto virou DVD e ganhou até uma segunda edição.

Foto: Rolando de Freitas/Estadão 

- 3 anos foi o tempo que levou o recente restauro da fachada do prédio (acima, em foto de 1975), encomendado por Tereza Artigas. A atual proprietária do palacete ainda pretende inaugurar no local um espaço voltado à dança.

- 1910 é o ano de construção do edifício onde fica a nova sede, de arquitetura eclética e projeto de Augusto Fried. A ideia inicial do proprietário, o conde Antonio de Toledo Lara, era ter um prédio de escritórios e comércio no térreo.

- A partir dos anos 1930, o histórico edifício ficou conhecido como 'a esquina musical de São Paulo', por abrigar a Rádio Record, a editora Irmãos Vitale e a loja de instrumentos musicais Casa Bevilacqua.

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- A placa com o rosto de Adoniran Barbosa na parte externa do palacete faz parte de um projeto que mapeia lugares pelos quais ele passou. Ele era do elenco da rádio, onde fez o programa 'História das Malocas'.

 

Rubens (no meio, ao fundo) e sua equipe. Foto: Pablo Saborido/Divulgação

 

ENTREVISTA: Rubens Amatto, cofundador e curador da Casa de Francisca

Por que se mudar dos Jardins para o centro de São Paulo? Há quatro anos a gente percebeu que tinha de encontrar um desdobramento para o nosso trabalho. Nós já estávamos em uma zona de conforto e não queríamos estagnar; era hora de experimentar outros formatos. Quando passei pelo palacete e soube de sua história, vi que ali seria o lugar perfeito para isso.

O fato de a Casa ir para o palacete tem a ver com estabelecer uma conexão com a parte central da cidade?Exatamente. Muitas pessoas não imaginam como o Centro é vivo. De dia, ele acorda e, de noite, ele dorme. A gente quer que, à noite, tenha movimento também. A cidade precisa disso, ter uma aproximação com a região.

O que muda na proposta da casa?Vamos continuar fazendo o que sempre fizemos, dando espaço para a música independente, sem guetos, mas em outros formatos - agora as pessoas podem ver os shows em pé. A gente saiu de um lugar para outro maior, mas não existe a intenção de ser uma grande casa de shows. Eu não sou um empresário. O esquema informal da casa permanece.

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