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Divirta-se

A todo vapor: um roteiro para conhecer os trens da cidade

Desde passeios em antigas locomotivas até lugares onde vagões servem de cenário para festas

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Por Redação Divirta-se
Atualização:

André Carmona e Renato Vieira

Maria-fumaça, modelo Baldwin, é de 1922. Foto: Antônio Siqueira

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Nos quase cem anos em que funcionou como hospedaria, o atual Museu da Imigração acolheu cerca de 2,5 milhões de pessoas, de mais de 75 nacionalidades. A maioria desembarcava ali mesmo, na estação do museu, parada estratégica entre o Porto de Santos, por onde chegavam os imigrantes, e as fazendas cafeeiras do oeste paulista, destino da maioria deles.

Hoje, é possível resgatar um pouco dessa história a bordo de uma locomotiva modelo Baldwin, construída em 1922 - apelidada carinhosamente de Maria-fumaça (trens a vapor). Saindo da estação histórica, ela puxa dois carros que fazem o passeio: um de primeira classe dos anos 1950 (R$ 20) e outro de 1928 (R$ 25). Durante o trajeto, que dura aproximadamente 30 minutos e é guiado por monitores, o visitante percorre um pátio ferroviário repleto de composições antigas, como locomotivas a vapor, elétricas, carros e vagões de madeira e carros de aço carbono - alguns em processo de restauração.

Ao mesmo tempo, é apresentada a história da São Paulo Railway, a primeira estrada de ferro do Estado, e também da imigração por aqui. "Diferentemente de outras hospedarias de imigrantes pelo mundo (Rio de Janeiro, Buenos Aires e Nova York), a de São Paulo não foi estabelecida junto a um porto. Em vez disso, foi construída estrategicamente entre a estrada de ferro Central do Brasil, que ligava o Rio de Janeiro a São Paulo, e a São Paulo Railway, que conectava Santos a Jundiaí. Isso facilitava o deslocamento dos trabalhadores e também da produção", conta o pesquisador do museu Henrique Trindade.

Essas e outras curiosidades integram o passeio, que, é bom lembrar, parte da estação ferroviária do Museu da Imigração apenas no primeiro fim de semana do mês (sábado e domingo, das 11h às 16h). As viagens ocorrem, geralmente, de hora em hora. Nos outros fins de semana, os trens saem da plataforma da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (abpfsp.com.br), que fica em frente ao museu. R. Visconde de Parnaíba, 1.316, Mooca, 2692-1866. 9h/17h (dom., 10h/17h; fecha 2ª). R$ 10 (acesso ao museu). Passeio de trem: sáb. e dom., 11h/16h. R$ 20/R$ 25.

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Casa das Caldeiras. Foto: Alexandre Paulain

+ Quem chega à Casa das Caldeiras dá de cara com Filomena. A locomotiva estava guardada no espaço que, por décadas, pertenceu ao complexo industrial da célebre família Matarazzo - Filomena era também o nome da esposa do patriarca, o empresário italiano Francisco Matarazzo. Os frequentadores podem se divertir tirando fotos e interagindo com o trem.

Casa das Caldeiras. Foto: Nego Júnior

Construída nos anos 1920, a edificação funcionava como geradora de energia para as indústrias de Matarazzo. Em 1986, o imóvel foi tombado pelo Condephaat, Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado. Restaurado, o espaço tornou-se local para eventos, com abertura de editais para residências artísticas. Projetos como Calefação Tropicaos, Pilantragi e o grupo Ilu Obá de Min já passaram por lá. "Nossa intenção é dar vida à casa, sempre privilegiando a arte e a cultura", afirma Karina Saccomanno, diretora do lugar.

Casa das Caldeiras. Foto: Guilherme Castoldi

Neste domingo (29), a festa de música eletrônica ODD ocupa o espaço, integrando o projeto TODODOMINGO Musical em SP. O evento está programado para começar às 15h e vai até 23h. Os ingressos custam R$ 20 e são vendidos pelo site www.ingresse.com. Há também possibilidade de agendamento de visitas guiadas. Para participar das turmas, é necessário enviar e-mail para contato@casadascaldeiras.com.br. Av. Francisco Matarazzo, 2.000, Água Branca, 3873-6696.

Expresso Turístico da CPTM. Foto: CPTM

+ O Expresso Turístico da CPTM foi criado em 2009, com o intuito de resgatar o glamour das viagens férreas. Uma locomotiva dos anos 1950, com equipe de bordo vestida elegantemente, conduz os carros de passageiros fabricados na década seguinte, que saem da Estação da Luz. No segundo sábado do mês, o trem de 174 poltronas vai até a cidade de Mogi das Cruzes; nos outros, até Jundiaí. Aos domingos, é a vez de Paranapiacaba. O embarque para todos os destinos ocorre na plataforma 4, às 8h30, e o retorno está programado para 16h30. A passagem, que custa R$ 50, é vendida pelo site www.cptm.sp.gov.br/ExpressoTuristico

Expresso resgata glamour das antigas viagens de trem. Foto: CPTM

+ Em Mogi das Cruzes, há diversas opções de trilhas para quem gosta de ciclismo. O passageiro pode levar a própria bicicleta no trem por R$ 7. Entre as atrações para aproveitar no centro da cidade, há igrejas históricas e o Mercado Municipal.

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+ O trem para Jundiaí percorre a primeira estrada de ferro implantada em 1867 pela antiga São Paulo Railway. Lá, o Museu da Companhia Paulista preserva fotos históricas, maquetes de locomotivas a vapor e até uma sala de comunicação. A entrada é gratuita.

+ Paranapiacaba é o destino mais procurado do Expresso Turístico - pelo site, há disponibilidade de passagens só a partir do terceiro domingo de setembro. Uma passarela sobre a linha do trem liga a área mais antiga à região alta da cidade, bom lugar para fotos.

Nos Trilhos. Foto: Jean Flanders

+ Trens da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) compõem o cenário do Nos Trilhos, inaugurado há cinco anos e que se tornou um dos melhores espaços para festas da cidade. "No início, quem frequentava era o público alternativo. Hoje, é bem abrangente, pois temos eventos de vários estilos", conta Lucas Amorim, diretor do espaço.

Em algumas festas, as pessoas também podem aproveitar atividades como exibição de filmes em vagões restaurados pela ABPF. "A maioria estava jogada no interior. Já foram restaurados quatro trens e estamos terminando o quinto. Nosso objetivo foi fazer as pessoas se interessarem novamente por trens. Eles são parte da memória de São Paulo e do País", ressalta Amorim.

Com capacidade para 1.800 pessoas, o Nos Trilhos, que faz parte da ABPF e está no terreno da instituição, foi justamente concebido com a intenção de arrecadar recursos para a restauração dos trens. Amorim conta que pretende fazer do espaço um centro cultural, com workshops em cada vagão, englobando temas como cinema e teatro. Também está prevista a abertura de um bar-restaurante com jazz e de uma lanchonete. R. Visconde de Parnaíba, 1.253, Mooca, 99203-2803.

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Nos Trilhos. Foto: Felipe Gabriel e Gabriel Cabral

+ Hoje (27), o Nos Trilhos recebe evento dedicado ao rap. A partir de 23h, Shawlin celebra os dez anos do álbum 'Ruas Vazias'. Já o grupo Costa Gold mostra composições incluídas no repertório do disco '155'. Os ingressos têm valores entre R$ 25 e R$ 50.

Também há outras atrações agendadas para agosto. Em 17/8, o coletivo Heavy Baile, que mistura funk carioca e música eletrônica, lança o álbum 'Carne de Pescoço' em show com participação de Tati Quebra Barraco e Lia Clark. Os ingressos vão de R$ 30 a R$ 50.

Já em 18/8, a festa Conexão Nos Trilhos recebe o grupo de rap Cone Crew Diretoria, em noite com DJs. Um dos vagões que estão no terreno do Nos Trilhos servirá como pista de dança. As entradas vão de R$ 25 a R$ 60. Todos os ingressos para os eventos são vendidos por meio do site: www.sympla.com.br.

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