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O holandês Paul Verhoeven já disse em entrevistas ser fascinado pela violência e ambiguidade. Essa preferência, digamos, estética, volta com tudo em 'Elle', novo filme do diretor de 'Instinto Selvagem'.
Em 'Elle' temos outra mulher forte e também ambivalente. Se, em 'Instinto Selvagem', Sharon Stone tornou-se inesquecível como a escritora bissexual Catherine Tramell; em 'Elle', quem brilha é Isabelle Huppert como a mulher de negócios Michèle. Ela é dona de uma empresa de videogames e a dirige com mão de ferro. Tenta imprimir a mesma linha de conduta à sua vida pessoal, mas esta apresenta variantes mais inesperadas que os joguinhos digitais. E, às vezes, mais sangrentas e fatais.
Atacada em sua casa, Michèle decide tomar a situação a pulso e encontrar por conta própria o agressor. No desenvolvimento da trama, reencontramos o gosto de Verhoeven pelas tramas nebulosas, cheias de sensualidade e frisson, e por pontos de virada inesperados. Sem deixar de ser comerciais, seus filmes procuram tocar nas profundezas às vezes inconfessáveis da 'natureza' humana. Muito bem filmado e interpretado, esse thriller psicológico deixa o espectador tenso e inseguro quanto ao desfecho, do início ao fim. Luiz Zanin Oricchio
Cinearte: 6ª (21), 21h40. Cidade São Paulo: dom. (23), 21h30. Cinesesc: 3ª (25), 15h. Espaço Itaú - Augusta: 5ª (27), 16h10.
