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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Zeca Camargo estreia como autor de ficção e fala sobre saída da Globo: 'Não teve clima ruim'

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Por Marcela Paes
Atualização:

Zeca Camargo. Foto: Iara Morselli/Estadão

A quarentena fez de Zeca Camargo um iniciante. Ao contrário de muita gente, que viu a vida estagnar durante a pandemia, o apresentador acumula mudanças: trocou a Globo por um emprego atrás das câmeras na Band, escreveu sua primeira peça de teatro e seu primeiro livro de ficção, Quase Normal: Contos, e-book lançado pela Todavia. Fã de autores como Ian McEwan, Clarice Lispector e Italo Calvino, Camargo se inspirou em situações provocadas pelo isolamento para escrever a obra, que retrata o humor e o absurdo desses momentos. "Escrever era um desejo antigo. Eu enfim falei 'ah, quer saber, deixa eu ver se realmente sou um escritor de ficção'", explica Zeca. Leia abaixo alguns trechos da entrevista com o apresentador sobre a nova fase.

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Como foi o seu processo criativo para escrever o primeiro livro de ficção? Era um desejo antigo. Todos os livros que eu escrevi são derivados de reportagem. Aí, na primeira parte da quarentena, fiquei realmente muito tempo sozinho, isolado. E as ideias para os contos começaram a surgir. São sobre situações que vivemos nesse período: festa de aniversário de Zoom, live, gente usando máscara, gente que só se conhece por WhatsApp. Mexi com isso, muito pro lado do humor, mas às vezes para o lado do absurdo.

Funcionou como uma válvula de escape para ajudar nos momentos mais difíceis? Mais ou menos isso. Ao imaginar situações inusitadas eu estava brincando com o cotidiano chato que eu tinha. O isolamento é chato até hoje, mas agora temos uma flexibilidade enorme. Eu trabalho todo dia na Bandeirantes, saio de casa e tudo. Mas o isolamento ortodoxo que a gente fez nos primeiros meses, era muito chato. Os contos acabaram sendo uma válvula de escape pra falar 'e se a gente enlouquecesse um pouquinho?'.

Como foi a saída da Globo? Foi tudo muito rápido. Fiquei 48 horas sem emprego. Também foi um mega susto, não imaginava que sairia, eu fazia um programa de grade. Mas, enfim, eu entendi que foi um corte por causa de uma crise. Eu não estava numa situação muito diferente de milhares de brasileiros. Não foi um desligamento por uma questão profissional. A Globo foi, por 24 anos, impecável no respeito comigo, houve respeito inclusive na saída, não teve nenhum clima ruim. Não estou sozinho nisso, é uma leva de pessoas que está saindo. Odeio falar o novo normal, mas é a nova regra.

E como foi a entrada na Band nesse cargo de direção, por trás das câmeras? A proposta da Bandeirantes apareceu muito rápido e era muito tentadora, porque justamente era um cargo de direção. Tem essa coisa de cuidar da programação inteira. É um outro brinquedo e é um brinquedo muito legal. Para ser honesto, eu estava super atordoado, mas não foi uma escolha precipitada. Vale até o paralelo com o livro de contos, eu gosto de fazer coisas que eu nunca fiz e estou fazendo exatamente isso na Band.

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Mas você tem a expectativa de ter um programa seu, de voltar ao ar? A princípio eu estranhei porque a proposta não veio atrelada a nenhum programa. Estou sentindo muita liberdade para criar na Band, apesar do momento difícil. Posso falar que estou assinando um projeto para o verão que envolve música, turismo... Coisas que sempre foram a minha praia. Mas ainda não é um programa meu. O programa que eu gostaria de fazer, infelizmente, é pós-pandemia. A gente não consegue fazer ele agora. Mas também não sinto nenhuma pressão para fazer logo./MARCELA PAES

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