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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

"Queria ser uma feminista zen, mas tô brava", diz a artista plástica Fernanda Feher

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Por Sonia Racy
Atualização:

Fernanda Feher. Foto: Marina Nacamuli

Fernanda Feher se inspirou em um álbum de fotos que achou em um brechó para criar a mostra Quando Amanhecer, Coração, que abre hoje, na loja da estilista Betina de Luca - retratada por Fernanda na tela que ilustra essa entrevista. "Me despertou curiosidade e inquietação ver como as lembranças tão pessoais daquela mulher, chamada Vera, foram de certa forma descartadas. Me fez refletir como a vida passa rápido e logo, até nossas lembranças perdem o sentido", explica a artista plástica brasileira, que reside em Portugal.

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Sobre a parceria com a estilista, Fernanda conta que foi algo que surgiu naturalmente. "Conheci Betina ano passado, quando usei uma roupa dela para a abertura da minha exposição na Galeria Millan, rolou uma sinergia imediata", conta. "Nós gostamos desse universo lúdico, colorido", acrescenta. Além da exposição, as duas criaram estampas "bem feministas", como gosta de frisar.

Ativista nata, Fernanda usa sua arte para dar luz a temas sociais, principalmente a questão das mulheres na sociedade. Em 2018 decidiu ir à África, pois queria contribuir por meio de sua arte junto a ONG Give a Heart to África, na Tanzânia. "Essa organização tem como propósito ajudar mulheres a se profissionalizarem para o mercado, para obterem uma certa independência financeira".

Lá se deparou com a questão da mutilação genital das mulheres do Quênia. "Elas querem ser mutiladas, porque se não forem, sofrem bullying, é difícil até conseguirem marido", relembra. Indignada, fez um trabalho de campo, estudou e entendeu o que era essa cultura, fato que mudou sua vida, principalmente como artista. "Depois do que vi e vivi, queria ser uma feminista zen, mas tô brava e isso acaba se refletindo nas minhas obras". /SOFIA PATSCH

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