EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Quando eu estou aqui

PUBLICIDADE

Por Sonia Racy
Atualização:

Enquanto Roberto Carlos se preparava para cantar, dançar e lançar rosas ao público em Jerusalém, quarta-feira, convidados e familiares do Rei ocupavam as duas primeiras fileiras do anfiteatro Sultan's Pool, à beira da muralha da Cidade Velha. Dudu, Rafael e Luciana, filhos de Roberto Carlos, padre Antonio Maria e Tom Cavalcanti, primeiro-camarada do Rei, se acomodaram na segunda fila, atrás de Bia Aydar, José Victor e Tatiana Oliva, Alex Lerner, Regina Casé e Estevão Ciavatta. Cercada por fãs, a humorista carioca ficou impaciente com os pedidos de fotos e autógrafos, mas explicou, com brilho nos olhos, o que a trouxe à Terra Santa: "Tive formação muito católica, estava me preparando para vir. Quando soube do show do Roberto Carlos, pensei: 'É a hora certa'".

PUBLICIDADE

Já Nir Barkat, prefeito de Jerusalém, que gravara homenagem ao cantor (para ser exibida no telão), tentou falar com ele minutos antes do espetáculo. Mas logo descobriu a velha regra: "Roberto não recebe ninguém antes do show". Ganhou, como alento, o lugar de Dody Sirena na primeira fila.

Sultan's Pool lotado, os sinos ecoam aos ventos do deserto e o Rei surge cantando "quando eu estou aqui, eu vivo esse momento lindo". As fiéis gritam.

No momento em que Roberto ataca com Jerusalém de Ouro, em hebraico, acompanhado por um coro de 30 vozes, israelenses choram. José Victor Oliva tuíta. O Rei solta a voz, então, no refrão "eu quero ter um milhão de amigos, e bem mais forte poder cantar". A turma de João Dória balança de um lado para o outro com as mãos erguidas. Todos vestindo roupa azul, como a produção do show queria.

Duas horas de espetáculo a céu aberto. Jayme Monjardim, diretor do especial da Globo, pede para repetir duas músicas. O Rei não entende, pensa que tinham ficado boas, demora um pouco, mas volta para o repeteco.

Publicidade

Show encerrado, convidados seguem para coquetel em uma casa milenar nas proximidades do anfiteatro. Dona Gery Simões, mãe de Maria Rita, mulher de Roberto Carlos morta em 1999, levanta-se rumo à portinha que dá acesso ao camarote para abraçar o eterno genro. No caminho, lembra-se de que a filha sonhava trazer o Rei para cantar em Jerusalém.

Gloria Maria chega ao coquetel em estado de graça. Não só foi mestre de cerimônias, escolhida pelo cantor, como ganhou rosa e dançou coladinha com ele. "Roberto falou que só poderia ter feito isso comigo e com mais ninguém". Numa roda de executivos, Dody Sirena comenta o sucesso do show, do retorno positivo que teve de quem comprou os pacotes. E afirma que só faltou a música árabe, cortada por causa de um imbróglio diplomático. Israel e Palestina vivem seu drama político, que terá mais um capítulo este mês, com a votação do reconhecimento do Estado palestino na ONU. Jerusalém Oriental é reivindicada como capital pelos palestinos, algo inconcebível para os israelenses. O Rei preferiu passar olímpico pela discussão.

A presença de Roberto Carlos, aliás, estava programada no coquetel, mas ele não apareceu. Motivo? Teria ficado muito cansado depois de tantos abraços distribuídos no camarote. Foi isso... ou fez justiça a uma das poucas frases que proferiu durante o show: "Gostaria de falar muitas outras coisas neste momento, mas acho melhor dizer cantando, que é o que sei fazer".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.