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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Psicopatas são inteligentes

Por Sonia Racy
Atualização:

Bruno Gagliasso conversou com a coluna sobre o serial killer Edu, personagem da minissérie Dupla Identidade, apresentado pela TV Globo - o último capítulo vai ao ar dia 19. Ao relatar a construção e preparação para viver o matador, ele se recusou a adiantar qual será o fim do vilão: "Isso não conto nem para a minha mãe ou para a Giovanna (Ewbank), minha mulher". A seguir, os melhores momentos da entrevista.

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Foi muito difícil se preparar para viver o Edu? Foi bastante intenso. Tivemos dois meses de ensaios, assisti a diversas palestras, conversei muito com psicólogos, policiais, vítimas. Falei com quem realmente entende do assunto e quero entender cada vez mais, porque é um assunto novo na televisão brasileira, ainda muito desconhecido do grande público.

Você se refere ao assunto 'serial killers'? Exato, estou falando da psicopatia de uma maneira mais geral, mais ampla. Porque existem vários graus da doença: o leve, o moderado e o acentuado - no qual se enquadra o serial killer. É o mais pesado de todos.

Para compor o personagem Edu, chegou a conversar com algum psicopata? Graças a Deus, não. Não houve necessidade...

Você estudou os crimes? Algum deles o chocou? Estudei muito sobre a vida de psicopatas - norte-americanos, europeus e brasileiros. É impressionante como todos têm personalidade envolvente, amarram a gente.

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Eles são pessoas queridas em seus ciclos sociais. Até pelas vítimas. Envolvem essas vítimas, ganham a confiança delas. Eu assisti a uma entrevista muita interessante do Maníaco do Parque, na qual perguntam a ele como conseguia enganar as modelos para que o seguissem a um lugar desconhecido. E ele responde: "Eu só falava o que elas queriam ouvir". Os psicopatas são muito inteligentes, percebem exatamente o que o outro quer.

Têm um sexto sentido? Sem dúvida. Sua percepção é aguçadíssima. Eles sabem ler a alma das pessoas.

Por que eles matam? Acho que não há explicação. O Ted Bundy (um dos mais temíveis serial killers dos EUA nos anos 70) dizia que matava para se sentir um deus. Queria ter poder. O poder que Deus tem sobre vida e morte.

Depois de viver o Edu, vai precisar fazer análise? Acho que análise é fundamental para a preparação, construção e desconstrução dos personagens (risos).

Acha que, em algum ponto, é parecido com o Edu? Para todo personagem a gente empresta um pouco da gente. Mas o Edu é o mais distante de todos os personagens que já fiz.

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Para o olhar frio e calculista do Edu, em quem você se inspirou? Algum criminoso famoso? Em vários, daí nasceu o Edu. Mas ele não é a cópia de nenhum. Acho que foi por isso que ganhou tanta vida.

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Qual a sua conclusão sobre o final da série? Superou suas expectativas? Sem dúvida. A série como um todo, a história, a direção, fotografia, a minha parceria com a Débora (Falabella) e todo o elenco. Foi um trabalho que todo mundo fez com muita vontade e acreditando muito. Isso transpareceu no resultado.

O Brasil é um país muito violento? Tem como não achar? Só sendo um alienado para não ter essa percepção. Essa série, é lógico que é entretenimento, mas também serve pra abrir os olhos de muita gente.

O que mudar no País para diminuir a violência? A lista é gigantesca. Mas, se eu for escolher algo, aponto a educação. Concordo com o senador Cristóvão Buarque quando defende que a educação é o que muda um país. É preciso ter todas as crianças na escola. A transformação vem daí. Lembre-se de que ignorância é falta de conhecimento. E conhecimento se adquire onde? Na escola.

Você já foi vítima de algum tipo de violência? Graças a Deus, nunca passou nenhum sujeito tipo Edu pela minha frente. Não paro de falar graças a Deus, parece até que eu sou católico (risos).

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Não é católico?

 Foto: Divulgação

Não.

Tem alguma religião? Acredito no ser humano, acredito no outro, acredito na natureza. Acredito que, se a gente faz o bem, acaba colhendo o bem.

Pode adiantar algo do final de Dupla Identidade para a coluna? Olha, não conto nem para a minha mãe ou para a Giovanna, minha mulher! (risos) /SOFIA PATSCH

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