Um estudo endossado por 407 cientistas brasileiros, ligados a 79 instituições de pesquisa, acaba de dar valores monetários à preservação da vegetação nativa em propriedades rurais do País. Somando-se os 270 milhões de hectares dessa vegetação nos biomas brasileiros, o ganho, segundo o texto, é de R$ 6 trilhões por ano. A conta foi divulgada pela Fapesp, que cita artigo da revista Perspectives in Ecology and Conservation.
Para um dos autores, o professor Jean Paul Metzger, do departamento de Ecologia da USP, fica claro que preservar a mata nativa "não é um impedimento ao desenvolvimento social e econômico, mas parte da solução". O trabalho, segundo relata Maria Fernanda Ziegler, "usou estudos de valoração de serviços ecossistêmicos" -- e foi divulgado como resposta a projeto apresentado no Senado Federal - e depois abandonado - que pretendia eliminar a exigência de Reserva Legal.
E de onde vem esse ganho? Metzer, destaca, entre outros exemplos, o controle de pragas, a segurança hídrica e o impacto de polinizadores na produtividade das lavouras de café. Segundo ele, "a produção dos frutos de café é maior com a presença de abelhas", e isso representa um ganho de R$ 2 bilhões a R$ 6 bilhões por ano no Brasil. Sem o trabalho das abelhas, continuaria tendo produção de café, mas 20% menor".