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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

'Precisamos nos cuidar bem sempre', diz endocrinologista e clínico Jairo Hidal

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Por Sonia Racy
Atualização:

Com intuito de ajudar em tempos de pandemia, vai aqui depoimento para a coluna dado por Jairo Hidal - endocrinologista e clínico-geral há mais de 40 anos: 

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 "Com frequência, pessoas me perguntam sobre o que podem fazer a mais para não sucumbirem a este SARS-CoV-2. Obviamente, para além das medidas plenamente divulgadas, como isolamento social, máscara e álcool gel, com as quais concordo plenamente. Creio haver uma dimensão a qual tem sido dada pouca ênfase e que praticamente todos poderiam seguir e que é relativamente barata: Se cuidar bem. 

 Um trabalho publicado recentemente na prestigiosa revista médica britânica The Lancet cita que, dos 250 mil primeiros casos ocorridos no Brasil, houve mortalidade próxima de 80% entre os pacientes intubados. Pois bem, a mesma revista publicou, também, em outra edição, um artigo sobre a variação mundial da mortalidade pós-operatória de pacientes com câncer. Em países pobres e emergentes, a mortalidade foi quase o dobro daquelas dos países ricos. 

 A parte intrigante deste estudo sobre o câncer é a que relata que 60% desta mortalidade excedente está relacionada a causas próprias dos pacientes e não da qualidade dos sistemas de saúde.  

 Explico: pacientes que tinham suas comorbidades (hipertensão, diabetes, fumo, obesidade, etc.) melhor tratadas, os que estavam com suas vacinas em dia e aqueles com boa nutrição, aparentam apresentar resultados melhores. Isto é, cuidar bem vale a pena sempre; mas em momentos críticos, como o desta pandemia, pode ser o diferencial entre viver e morrer. É como empreender uma viagem por uma estrada ruim com um carro que não fez uma revisão. Ou com outro onde tudo está ok. 

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 Sou parte de um grupo de médicos de família, que cuida dos mesmos pacientes há décadas. Atendemos algumas centenas de pessoas com SARS-CoV2, com gravidades distintas e tivemos resultados muito melhores do que os descritos na literatura. Sem usarmos algum remédio mágico e seguindo os protocolos descritos na mesma literatura. Estes pacientes estavam bem cuidados em todos os fatores citados acima. E escuto relatos idênticos de colegas que têm prática assemelhada a nossa. 

 Existem alguns indícios (atenção, não é rocket science) que pessoas mais bem cuidadas e bem vacinadas (com as vacinas do cotidiano) estão sendo menos afetadas por este vírus (não há nenhuma recomendação que alguma destas vacinas proteja contra o SARS-CoV-2).  

 Sempre pergunto aos pacientes que me procuram se eles sabem qual é a diferença entre a galinha e o porco no ovo com bacon? A galinha está envolvida, pois botou o ovo. O porco, por sua vez, está comprometido, pois precisou morrer. Para se ter uma vida longa e saudável são necessários vários elementos, mas um dos fundamentais e que está ao nosso alcance é o comprometimento com a saúde. Segundo Millôr Fernandes, "a gente só morre uma vez, mas é para sempre."

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