Desde que começou com a série Flor Pistola no Instagram - em que comenta em tom revoltado aspectos políticos do País, em especial a atuação de Bolsonaro - Maria Flor se preparou para possíveis reações de apoiadores do presidente. Mesmo assim, se surpreendeu com a enxurrada de comentários que recebeu pelo último episódio, publicado no início da semana.
No vídeo, que virou trending topic no Twitter, a atriz relaciona o cancelamento do carnaval à incompetência do governo na administração da pandemia e à má vontade na compra das vacinas. "Não pensei que esse vídeo especificamente fosse tomar essa proporção. O que me impressionou foi a falta de compreensão de que aquilo é um personagem. Achei que estivesse claro que é uma paródia. Eu estou atuando. Tem texto pronto", explica.
Apesar de partirem de uma indignação real de Maria Flor com a situação política do País, os monólogos puxam para o lado do humor e são propositalmente exagerados, com palavrões e fala exaltada. Com quase 20 anos de carreira - começou em 2003, na Malhação, e já atuou em dezenas de novelas e filmes, além de manter uma produtora - a atriz diz se sentir acuada e afirma pensar "todo dia" se deve continuar com a série.
"Não vou negar, é difícil. É um monte de gente me xingando, uma energia ruim, mas não quero ser censurada. Como artista eu tenho que ser livre para dizer o que eu penso". A reação virulenta nas redes sociais - que também partiu de integrantes do governo como Sergio Camargo, Presidente da Fundação Cultural Palmares - preocupou amigos e família.
"Muita gente me escreve questionando se isso pode prejudicar a minha carreira". Até o tio de Flor, Bolsonarista ferrenho com quem a atriz estava rompida, quis entender o que estava acontecendo. Ela conta que o irmão de sua mãe foi excluído de um grupo de WhatsApp de apoiadores do presidente e acusado de 'fazer viagens com o dinheiro que a sobrinha conseguia pela Lei Rouanet'. "É um absurdo dizerem que eu captei R$ 10 milhões pela Rouanet", diz.
O boato fez parte de campanha de desinformação, checada e desmentida pelo Estadão Verifica. Para a atriz, que está gravando a próxima novela das nove da Globo, o esforço vale a pena. "Se alguém não me chamar para um trabalho por isso, por essa coisa de ódio, eu não me importo. Provavelmente eu também não gostaria de trabalhar com essa pessoa".