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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Passar o bastão

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Por Sonia Racy
Atualização:

 

Qual é o balanço que vocês fazem desses dois anos de Spcine e o qual será o maior foco daqui para frente? Alfredo: Acabamos de concluir isso. Gosto sempre de dizer que dois anos é pouco tempo, somos uma instituição muito nova. Estamos satisfeitos de ter conseguido criar a Spcine com unanimidade, especialmente em um momento de polarização política, com um debate bem qualificado. Isso contribuiu para mostrar como o setor audiovisual impacta na cidade e mudar um pouco a visão que as pessoas têm de que é dinheiro para fundo perdido para fazer filme. Além de ter criado a film comission, que atrai filmes e facilita a vida dos produtores. Maurício: Com certeza vamos focar na aprovação do projeto de lei que empodera a Spcine como gestora da film comission - algo que já foi estabelecido em decreto, mas precisa ser institucionalizado. E a ideia é que a gente possa se espelhar em outras films comissions do mundo que trabalham com um grande poder de atração de produções oferecendo incentivos, como o restituição de impostos. Isso é um caminho que temos crença total para vender a imagem de São Paulo e que caminha intimamente junto com o turismo, por exemplo.

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De que forma a Spcine contribuiu para os produtores de audiovisual de SP? Maurício: Antes, um produtor tinha que ir a pelo menos sete guichês diferentes para conseguir as autorizações para sua filmagem: na CET, na prefeitura, na Justiça, entre outros. Hoje, ele entra em um aplicativo, faz um cadastro e, com isso, temos o compromisso de liberar a licença para ele filmar em três dias - no caso de publicidade - e em oito dias se for outro produto como longas, curtas e institucionais. É uma grande tarefa (risos). Alfredo: A prefeitura tem um prazo e se obriga a dar respostas, isso é fundamental para o produtor porque dá vazão à demanda. Além disso, hoje temos números confiáveis do que se filma, como se filma e os gêneros que são filmados.

Existe um senso comum resistente a criação de novas instituições públicas. Como reverter essa visão? Alfredo: Partimos de um extremo ao outro no Brasil: de uma dependência do Estado a uma extrema rejeição. Esse maniqueísmo não é bom e não condiz com as práticas mais modernas de Estado das democracias do mundo. A Spcine dialoga com o mercado, ela busca resultados, tem metas definidas. Sem um ambiente público favorável, o mercado não se desenvolve. Maurício: Aí acho que tem o "gastar bem", que é uma questão todo setor público. O cinema é a linguagem da cultura que mais busca ser indústria. E acho que os incentivos são uma parte de sua base. Mas a Spcine tem um grande compromisso com o retornável. Pensar só em incentivo está em desuso. /MARILIA NEUSTEIN

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