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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

'O problema atual do Brasil é de imagem', diz Gustavo Junqueira, que assume a InvestSP

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Por Marcela Paes
Atualização:

Gustavo Junqueira. Foto: Mastrangelo Reino

Direto da secretaria de Agricultura do Estado, Gustavo Junqueira chega à InvestSP a partir de junho com uma difícil missão: mudar a desgastada imagem do Brasil, interna e externamente, no que se refere à questão ambiental.

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Fazendeiro de origem e com experiência no mercado financeiro internacional, pretende mostrar que a preocupação com sustentabilidade já faz parte dos projetos de grande parte da iniciativa privada brasileira. "Estamos em descrédito quando se fala em meio ambiente. Essa gestão, ou melhor, má gestão do governo federal, na parte de comunicação e de narrativas, causou estragos. O problema do Brasil hoje é um problema de imagem. Não é um problema de fato. A nossa legislação ambiental é super moderna, é super restritiva", explica.

Responsável tanto por trazer investimentos para São Paulo quanto por ajudar empresas do Estado a exportar seus produtos, a agência tem - entre fases de análise e já em andamento - cerca de 270 novos projetos prospectando implantação no Estado. "Desses, 40 são considerados de carteira verde".

Segundo Junqueira, a ideia é pensar a longo prazo e evitar que produtos brasileiros sejam barrados com a justificativa de que não atendem as regras internacionais sobre tratamento ambiental, principalmente pelos importadores da Comunidade Europeia e Estados Unidos - mercados com maior consciência ambiental. Para tanto, entre as várias estratégias, está a de demonstrar que muitas empresas do Estado têm a sustentabilidade como preocupação. "Com o que está acontecendo agora, se não mudarmos o rumo, o consumidor estrangeiro verá made in Brazil, em um saco de granola ou numa embalagem de leite, e vai pensar: 'Esses caras botam fogo em floresta, então vamos comprar da Austrália, vamos comprar da África do Sul'. Não podemos deixar isso acontecer", diz.

Outro foco é ter escritórios físicos fora do País para estreitar os laços, principalmente com as barreiras de deslocamento impostas pela pandemia. O espaço em Xangai foi, segundo Junqueira, um dos catalisadores do acordo da produção da Coronavac pelo Butantan. "Antes do corona, quando abrimos o escritório na China, em 2019, já houve uma visita à fábrica da Sinovac, por exemplo, para discutir oportunidades e parcerias. O Dimas Covas já tinha ido para lá com a InvestSP antes da covid-19", destaca Junqueira. A expectativa é que a fábrica que está sendo construída no próprio espaço do Butantan - com custo de R$ 160 milhões financiado pela iniciativa privada - produza a Coronavac no Brasil. A Butanvac, do Butantan, será produzida em fábricas já instaladas por aqui, que atualmente fazem vacinas contra a gripe.

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Além de Xangai, a agência aportou em fevereiro de 2020 em Dubai e se prepara para chegar a Munique no começo de junho. No fim do ano, Junqueira pretende fincar o pé em Nova York. O novo chefe da Invest SP ressalta que o Estado de São Paulo concentra cerca de 70 % de toda mão de obra qualificada do País. O que permite ao Estado sair na frente. /MARCELA PAES

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