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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

"Não vamos voltar para o armário", dizem artistas trans de As Bahias

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Por Sonia Racy
Atualização:

AS BAHIAS E A COZINHA MINEIRA/ AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO  

Primeiras artistas trans a serem indicadas ao Grammy Latino, na categoria de melhor disco de pop contemporâneo em língua portuguesa, as vocalistas da banda As Bahias e A Cozinha Mineira, Assucena Assucena e Raquel Virgínia (a dupla ainda divide o grupo com o Rafael Acerbi), acreditam que os artistas trans estão conquistando cada vez mais espaço no mercado artístico musical. Apesar de existirem movimentações contra as minoras, elas acreditam que o movimento cultural brasileiro é, em sua maioria, progressista: "Nossas belezas e inteligências não serão mais suprimidas". Abaixo, os melhores trechos da entrevista.

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Qual o balanço que vocês fazem desse ano para As Bahias...? Esse ano foi especial para a banda. Lançamos o clipe e o single das estrelas, com a atriz Renata Carvalho no mês da visibilidade trans. Depois, em maio lançamos o disco Tarântula, primeira obra com a gravadora Universal. Fomos ao Rock in Rio para subir ao palco junto com a lenda viva, Elza Soares. Esse é um dos desejos de qualquer banda. O saldo é positivo, embora a gente queira sair mais da zona de conforto e em busca de mais diálogo.

Como estão encarando esse momento do Brasil, como artistas trans? É um momento muito conturbado, principalmente para quem é artista, trans e minoria política. Parece um contrassenso. A arte ser perseguida, quando o elemento mantenedor da alma de uma nação é a cultura. Acreditamos que é um momento de concentração para os artistas, para os movimentos sociais. É a hora de se construir uma frente ampla para barrar o retrocesso, o obscurantismo ideológico, político e cultural.

Os artistas trans estão ganhando projeção? Sim. Conquistamos mais projeção no mercado da cultura, nos últimos anos, o que sinaliza que não vamos mais voltar para o armário, que temos talento, muito a dizer e a colaborar por um mundo mais justo, mais igualitário. E justamente por termos mais projeção existe uma reação que vem em forma de obscurantismo. Fomos as primeira mulheres trans a serem indicadas ao Grammy, uma premiação que existe há 20 anos. Isso sinaliza um novo tempo, no qual as nossas belezas e inteligências não serão mais suprimidas.

Como reagiram à indicação ao Grammy? É um passo muito importante na vida de qualquer artista da música. Ficamos muito felizes. Fomos para LA, onde acontece a premiação. Em torno do Grammy acontece uma semana inteira dedicada ao encontro artístico. Tivemos a oportunidade de conhecer muita gente, de fomentar nosso trabalho. Isso traz um processo de internacionalização, o que acabou com que nós fizemos uma agenda de turnê na Europa, América Latina e EUA. /MARILIA NEUSTEIN

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