Sonia Racy
05 de julho de 2018 | 01h00
JAIR BOLSONARO. FOTO: IGO ESTRELA/ESTADÃO
Ao chegar ao encontro, terça-feira pela manhã, no escritório da Península, holding de Abílio Diniz, na Faria Lima – conforme noticiado ontem pelo Estado – Jair Bolsonaro, logo ao entrar na sala, avisou a sete empresários e banqueiros presentes: “Jamais serei patrão neste País”.
Ao explicar por quê, enumerou problemas que a iniciativa privada tem para conseguir colocar de pé seus negócios no Brasil. O encontro é o primeiro de vários com presidenciáveis, com a intenção de trocar e entender, de maneira respeitosa e profissional, visões sobre o País.
Recebido por Diniz em uma sala com vista para o Shopping Iguatemi, Bolsonaro foi… Bolsonaro. Vamos lá:
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Em uma hora e meia de conversa iniciada as 11h15 — servidos apenas água e cafezinho –, o presidenciável repetiu várias vezes, segundo um dos convidados, um grande desejo seu: quer que o empresariado ajude a construir um colégio militar no Campo de Marte, no lugar do futuro parque proposto pela gestão Doria no começo de 2016.
Lamentou os parcos recursos destinados pelo governo federal à área militar. Disse ainda não achar que esta tenha qualquer condição, hoje, de liderar o País – mas enalteceu a disciplina e ordem como qualidades essenciais para qualquer liderança.
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Manifestou desejo de que as forças armadas voltem à sua época áurea, acusando FHC de ter “demonizado” os militares. Foram eles, na visão de Bolsonaro, que impediram o Brasil de virar uma Venezuela.
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Enfatizou ser contra a corrupção – mas não chegou a desenhar caminhos para acabar com ela. Defendeu a segurança, sem apresentar proposta.
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Elogiou muito os EUA, sem citar Trump especificamente. E tornou pública sua aversão à China dizendo que “se deixarem, ela vai invadir o Brasil.”
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Indagado, o deputado candidato também se disse contra a venda de terras para estrangeiros. Ouviu então, de um dos presentes favorável à medida, que o estrangeiro, ao comprar terra no Brasil, não pode simplesmente “embrulhar e levar embora”.
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Ao que Bolsonaro se reposicionou, ponderando: “Então vou deixar os americanos e vetar os chineses”.
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Também respondendo a outra pergunta sobre agricultura, o candidato sugeriu unir o Ministério da Agricultura com o do Meio Ambiente. A seu ver, ambos trabalhariam melhor juntos.
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E o que fazer para combater o déficit publico, que hoje anda em torno de R$ 300 bilhões? Vai aumentar impostos ou cortar privilégios? “Não vou aumentar impostos mas também não quero briga com o Judiciário ou com o Legislativo”. Ao que um dos empresários concluiu, para si mesmo: “Vai sobrar pra gente”.
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A certa altura um dos presentes quis saber se Bolsonaro vai manter Ilan Goldfajn no BC, caso vença as eleições. Não obteve resposta.
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Perfil do STF dos seus sonhos, cuja equipe ele pretende dobrar: juntar ao grupo “vários Sérgios Moros”.
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E à pergunta sobre quem gostaria de enfrentar no segundo turno, não titubeou: “Não vai ter segundo turno”.
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