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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

'Meu plano é fazer uma coisa por vez'

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Rápido em campo, cauteloso fora dele, Kaká diz que vive por etapas e que a de hoje é curtir o filho e fazer o Real campeão

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Por Gabriel Manzano Filho

Ele é tão rápido e ousado em campo, ao apanhar uma bola e iniciar um contra-ataque, quanto cauteloso e certinho fora dele. No gramado, é Kaká. Nas ruas, e na vida, Ricardo Izecson dos Santos Leite. De tão prático e eficiente, ao conferir uma lista de dez grandes coisas que pretendia fazer na vida - daquelas que todos fazem na adolescência -, descobriu, há algum tempo, que já tinha realizado todas.

Essa é sua regra de ouro: fora de campo, vamos devagar. Aos 28 anos, o filho de seu Bosco e dona Simone, ídolo da torcida e das meninas, é um rapaz alegre, educado, religioso, generoso mas decididamente metódico. "Gosto de ir fazendo as coisas aos poucos, por etapas" - eis a fórmula com a qual vai desmontando perguntas do tipo "vai ser o líder da seleção na Copa?", ou "vai ser pastor depois de abandonar o futebol?". Uma das etapas de agora, avisa, é ultrapassar o Barcelona e tornar o Real Madrid campeão da Espanha. Outra, aproveitar cada minuto livre para estar com a mulher, Carol, e com o filho, Luca.

Para sorte dos cartolas, patrocinadores e caçadoras de autógrafos, Kaká é um oceano de paciência. Atendendo a um convite de Ronaldo para substituí-lo no jogo beneficente pelas vítimas do terremoto haitiano, segunda passada em Lisboa, ele aceitou conversar com o repórter, que viajou para Portugal, a convite da Gillette. Foi pouco antes de roubar a cena de Zidane, Henri, Figo e outras celebridades. Quando volta? Talvez num futuro distante. "O Brasil é outra realidade econômica e profissional."

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Você se tornou o mais jovem embaixador de uma campanha humanitária da ONU, em 2004. Semana passada estava em Lisboa no jogo beneficente pelo Haiti. Como vê essas campanhas humanitárias? Sei que o mundo está cheio de problemas, que há muitas coisas a se fazer por todo lado, mas não há dúvida de que a grande urgência, no momento, é o Haiti. Todo mundo tem de se mobilizar e fazer alguma coisa por eles. Fico feliz de participar, ao lado dos patrocinadores, e torço para que muitas outras empresas façam o mesmo.

Sua agenda vive superlotada de treinos, viagens, publicidade e esses compromissos. Sobra tempo para curtir o filho Luca? Sim, consigo vê-lo praticamente todo dia, a não ser quando estou concentrado ou viajando. Ele está ótimo. Quando estou em casa dou um jeito de ficar perto dele o tempo inteiro. Saio de manhã pra treinar, e quando volto, se não tenho compromisso profissional, ficamos juntos.

No futuro a família vai ser mais numerosa? Não sabemos quando, mas nossos planos, meu e da Carol, são mesmo de ter mais filhos. Não vou dizer quantos, vamos pro segundo e depois veremos como fica.

Você vive rodeado de jovens admiradoras. Como lida com isso? Tenho muito carinho por elas. Sei que a maioria torce pelo meu sucesso e pelo sucesso da minha família.

Você, o Cristiano Ronaldo e o Messi já faturaram o troféu de melhor do mundo da Fifa. Quem é hoje o melhor? No ano passado foi o Messi, mas ainda acho que o Cristiano tem um talento incrível, tem demonstrado isso a cada dia. Mas ser o melhor do mundo é uma coisa muito relativa. Depende do que você conquista com o clube, com a seleção, e de opiniões que variam muito, de muita gente.

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Tudo aponta, hoje, para que você seja o líder da seleção na Copa. Sente que chegou a sua vez? Acho que fui crescendo aos poucos. E, também, a minha responsabilidade. Mas no grupo da seleção há muitos líderes. Tem o Lúcio, que é o capitão, o Júlio César, gente pronta para isso se o técnico pedir.

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Pelo Brasil e por Portugal, você e Cristiano Ronaldo se enfrentam logo na primeira fase. Como encara esse jogo? Claro que penso no Mundial, mas, prefiro ir vivendo as coisas por etapas, tanto na carreira como na vida. Agora tenho pela frente quatro ou cinco meses decisivos no Real Madrid. A Copa vai chegando aos poucos. Nosso grupo é dos mais difíceis, e Portugal, tendo craques como o Cristiano, o Deco, o Simão, vai brigar pelo título.

Nos dia-a-dia do Real você e Cristiano fazem algum tipo de aposta sobre a Copa? Não chega a tanto, as brincadeiras no clube, entre nós, são normais. Cada um sabe que o outro, em campo, vai dar o máximo e defender o seu time até onde puder. O que queremos é conquistar muitas coisas com o Real. Queremos ter o privilégio de levantar a taça de campeão espanhol, seria uma grande alegria. Com isso, iríamos com uma outra energia para o Mundial.

Daqui até maio ou junho, todos vocês vão pensar ao mesmo tempo no campeonato e na convocação para a Copa. Como é isso? Não dá para separar as coisas. A Copa acaba sendo uma continuação do trabalho feito no clube. O preparo físico de uma disputa serve para a outra.

Quais os dois ou três times que você acha que vão competir com o Brasil na África do Sul? Acho mais difícil falar disso hoje do que nas outras Copas. Poderia citar as grandes seleções... Espanha, Itália, Inglaterra, Alemanha, Portugal, Argentina. Mas sempre pode haver uma surpresa.

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Já pensou que a Copa seguinte é no Brasil, e quem estiver no time vai querer muito levantar a taça no Maracanã? É cedo pra falar. Gostaria de viver uma coisa assim, mas como disse antes, meu plano é uma coisa por vez.

Mas você não imagina sua vida depois da Copa de 2014, no Brasil? O projeto principal deste momento é continuar jogando. Vou chegar lá com a idade de 32 anos... Mais tarde, depois do futebol, por certo pensarei em fazer outra coisa. Ainda vou ver qual seria a minha área.

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