Sonia Racy
11 de março de 2011 | 23h01
As duas maiores redes de livrarias americanas dão sinais de fraqueza: a Borders pediu concordata no mês passado, e a Barnes & Noble está mal das pernas. Para falar sobre o assunto, a coluna procurou Samuel Seibel, da Livraria da Vila.
Por que elas chegaram a este ponto?
Por uma conjunção de fatores. Além dos tablets que estão aí, existem outros pontos importantes. Quando vi o tamanho do endividamento da Borders, por exemplo, fiquei surpreso. É tão grande que não pode ter vindo somente de dois anos para cá.
Quais outras variáveis influenciaram nesse processo?
Acredito que o tamanho físico das lojas é um fator. São espaços grandes, muitos de quatro andares, em pontos nobres e caros das cidades. Além disso, as lojas são muitas em número e também próximas, o que causa uma “autocanibalizaçao”, se é que podemos chamar assim.
Qual o peso dos tablets nisso?
É grande, mas está sendo exagerado. É claro que nos EUA tudo acontece em velocidade muito maior do que no Brasil e Europa. Mas as novas mídias, ao que me parece, não vão substituir o mercado dos livros.
As livrarias não se resumem a um local para comprar livros. São também pontos de encontro. Acredita que estão ameaçadas pela compra na internet?
Livraria é ponto de encontro e polo cultural. Muitas pessoas não abrem mão do livro. As editoras também vão se preocupar em adaptar os formatos. Acredito que o público que frequenta livrarias no Brasil é diferente daquele que compra pela internet. O que vai acontecer daqui 50 anos é especulação. Mas minha opinião é que as duas plataformas (livro e tablet) vão conviver.
/MARILIA NEUSTEIN
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