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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

"Julgamento moralista não me interessa", diz Cleo

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Por Sonia Racy
Atualização:

CLEO/FOTO: IARA MORSELLI/ESTADÃO  

"Eu via desfile desde criança, todo ano, pela TV. Já fui a blocos de rua, mas não pegou. Não falam ao meu clitóris, digamos assim..." É dessa forma que Cleo justifica seu desinteresse pelo carnaval de rua e mergulha no circuito BahiaRio. Nesta folia, ela repete a parceria de 2018 com a Itaipava e aproveita a festa como embaixadora da marca nos camarotes da cervejaria em Salvador e na Marquês de Sapucaí. A seguir, a conversa exclusiva com a atriz.

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Você tem feito muitas postagens sobre feminismo no seu Instagram. Acredita que o carnaval dos sambódromos ainda tem componentes machistas? Acho que não tem como falar do mundo, hoje em dia, sem dizer que a gente ainda é refém de padrões do patriarcado. Mas isso não ocorre apenas no sambódromo.

Falta representatividade? Como em todos os lugares. Adoraria uma madrinha fora do padrão, por exemplo. Ver baterias puxadas por mulheres seria maravilhoso. Temos poucas mulheres engenheiras, poucas marceneiras. É uma questão de ocupação mesmo.

Você não costuma ir a blocos de carnaval de rua. Prefere o sambódromo? Este ano eu vou pra Salvador e pra Sapucaí. Adoro a energia da Bahia e tenho uma relação afetiva com o Rio. Meu bisavô é de Madureira, tem ligação com a Portela. Eu via o desfile desde criança todo ano na TV. Já fui a blocos de rua, mas não pegou. Não falam ao meu clitóris, digamos assim... (risos)!

No ano passado a fantasia que você usou - que só cobria os mamilos - foi muito comentada. O que você achou? Então. Nesse caso eu não fui julgada dentro do sambódromo. Fui julgada fora. Foi chato, mas eu foquei no positivo. Em diversos momentos você foi associada à sua sexualidade, por falar abertamente dela. Você se incomoda com isso? Cara, não. O que é que uma coisa tem a ver com a outra? Não posso ser uma atriz levada a sério porque eu postei minha bunda no Instagram? Agora, a pessoa que faz esse tipo de julgamento moralista não me interessa. Mas já doeu, obviamente. E muito.

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No último ano você se dedicou bastante à sua carreira musical. Está sendo o que você esperava? Olha, agora eu não tô recebendo muita coisa porque as pessoas estão muito acostumadas a me ver como Cleo atriz. Não separam muito uma coisa da outra. Resolvi não ser mais só isso, a Cleo atriz, e ser tudo que eu queria ser. Fazer música e também falar do que eu acredito, viver as estéticas que eu gosto. Enfim, as pessoas ficaram um pouco confusas. Mas só foco no feedback positivo, na verdade, mesmo.

O clipe que você fez com Mano Brown teve a repercussão que você esperava? Nunca espero nada. Mas fiquei muito agradecida de poder ter um cara do tamanho que ele é trabalhando junto comigo, acreditando na minha visão. Também adoraria poder fazer um trabalho com o Caetano, que é um outro artista brasileiro que eu amo muito!/ MARCELA PAES

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