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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

João Wainer destrincha indústria milionária de cigarros contrabandeados em minissérie

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Por Marcela Paes
Atualização:

João Wainer. Foto: Moacyr Lopes Júnior

Acostumado a fazer documentários sobre temas espinhosos, como o PCC, João Wainer se surpreendeu ao iniciar as filmagens de Cigarro do Crime - longa que virou minissérie documental produzida pela Vice Brasil em parceria com o Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade. Visto pela maioria das pessoas como um crime menor, o contrabando de cigarros é uma indústria milionária que movimentou, em 2019, cerca de R$ 10,9 bilhões e causou a evasão fiscal de R$12,2 bilhões.

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 De acordo com dados do Ibope, cigarros contrabandeados já correspondem a 57% do mercado de cigarros no Brasil. "É muita grana e é feito por gênios do crime", explica Wainer, que entrevistou diversos contrabandistas durante os dias que passou na fronteira entre Brasil e Paraguai. Leia abaixo a entrevista sobre a minissérie que estreia, dia 28, no YouTube.

O que mais te surpreendeu nessa jornada? 

O próprio assunto, porque não temos noção do tamanho. É uma indústria criminosa que domina 60% do mercado brasileiro. De cada 10 cigarros acesos no Brasil, seis são do Paraguai. É muita grana e é feito por gênios do crime. O Horácio Cartes principalmente, que é ex-presidente do Paraguai, e está totalmente envolvido. O cara conseguiu criar um modelo que é absolutamente legal dentro do Paraguai. Ele deixa o serviço sujo para os brasileiros.

Como é isso?

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Ele sabe que esse cigarro está sendo contrabandeado. Não me lembro de cabeça o número exato, mas o Paraguai produz cerca de 70 bilhões de unidades de cigarro e consome só um bilhão. Tem fábricas construídas na beira do rio para facilitar. É uma coisa escancarada.

Sentiu medo em algum momento, nas conversas com contrabandistas?

Não muito, mas teve um dia em que passamos por uns barcos de contrabandistas que estavam vazios e fizemos umas imagens ali. Os caras foram atrás da gente, rolou uma pequena perseguição ali de barco, num riozinho estreito em Salto Del Guairá. Deu bastante medo, mas os caras só queriam olhar para ver quem era, depois diminuíram a velocidade.

Teve alguma história curiosa que vocês descobriram?

Tem uma história muito boa que um ex-delegado de Foz do Iguaçu contou. Ele pegou um cara com uma carga grande de cigarro e naquela época, era o delegado arbitrava a fiança. E ele fixou o valor em R$ 20 mil, 25 mil. Assustado, o criminoso disse, 'pô doutor, o senhor se incomoda de aumentar um pouquinho a minha fiança? É que eu fiz um acordo com o dono da carga que se eu fosse preso e ficasse quieto, ele me pagaria, depois, metade dela'./MARCELA PAES

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